VELOZES E FURIOSOS

Até parece ironia da vida a morte abrupta do ator Paul Walker, um dos protagonistas do filme “Velozes e furiosos”. Filme que narra, de maneira verossímil, a vida de pessoas que arriscam a vida sobre quatro rodas. Pessoas que vivem sob o efeito de alta dose de adrenalina.

A morte de Paul Walker, para mim, foi chocante porque fui um dos telespectadores da sequência do filme, do qual ele participara. As cenas do acidente mostradas pela mídia até parecia uma cena gravada para o próximo filme: “Velozes e furiosos 7”

Velozes e furiosos são dois adjetivos que descrevem muito bem os homens e mulheres de uma sociedade moderna e pós-moderna. Basta sair de casa para ver com andamos pelas ruas em nossos carros, motos e até mesmo quando estamos andando.

No trânsito, obedecer ao limite de velocidade, à sinalização é parecer desequilibrado, babaca, zé mané, barbeiro, e assim por diante.

Todos correm como loucos no afã de chegar, sabe-se lá onde, o mais rápido possível. Tudo isso sem se falar na predisposição que temos para, se possível fosse, lançar um raio laser fulminante de nossos olhos sobre quem nos interpolar com palavras ou com uma buzinada por detrás de nosso veículo. Como não podemos lançar raios de nossos olhos, lançamos mãos daquilo que temos demais ferino: a língua. No trânsito e no corre-corre, lançamos impropérios e maldições sobre o nosso semelhante. E como o outro é “semelhante”, retruca lançando os seus impropérios e maldições. Há também os gestos grotescos feitos com as mãos, parte do corpo que deveria ser usado para auxiliar o próximo.

Há que acredita que todos nós morremos quando “chega a hora”. Verdade parcial desse silogismo. Digo isso, pois há sim aqueles que morrem exatamente na hora certa; mas há aqueles que morrem fora de tempo. Pessoas que deixam o mundo dos vivos, simplesmente porque foram imprudentes, porque brincaram com a vida, porque não fizeram caso das medidas de segurança. Não estou me referindo somente a questões de trânsito. Estou me referindo a tudo que diz respeito aos cuidados da vida: saúde, alimentação, exercício físico, lazer, amizade, amor, família...

Nunca tive contato com Paul Walker, mas as tecnologias têm esse poder de nos aproximar de pessoas tão distantes e nos fazer sentir amizade e quando lhes acontece algo trágico, sentimos como se fosse com um amigo.

O mundo em que vivemos exige rapidez e agilidade em tudo que fazemos. E como quase tudo na vida (acho mesmo que é tudo) tem consequência, essa rapidez e agilidade, leva-nos, muitas vezes, a perdermos alguém a quem amamos de repente.

E assim vamos sobrevivendo velozes e furiosos.

Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 02/12/2013
Código do texto: T4596146
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