FILOSOFANDO

 "
As duas coisas infinitas; o universo e a tolice dos homens"
(Albert Einstein)

Comparado ao meu planeta, sou um átomo.
Considerando o universo infinito, simplesmente não existo!

Frente ao imensurável espaço que nos rodeia, encoberto pelo misterioso negrume dentro do qual orbitamos, eu não represento absolutamente nada.

Mesmo assim, ainda creio que algum valor positivo me resta; que tenho a veleidade de me imaginar como alguém que tenha alguma coisa a acrescentar ao que já existe, que tenha a pretensão de criar algo original, que, enfim, possa, de algum modo, sobressair...

Melhor faria se fosse uma humilde minhoca, que, mesmo ignorando sua importância na Natureza, continuasse produzindo húmus e fertilizasse a terra.

Contribuiria mais, se borboleta fosse, pois embora me preocupasse, apenas, em namorar as flores, daria dinâmico colorido ao mundo.

Agradaria mais a Deus e aos homens se, como frondosa e frutífera árvore, continuasse a abrigar as avezinhas, a produzir frutos sumarentos e cobrir de sombra o exausto nômade.

Talvez fosse mais útil como encantado sino de longínqua capela, que vibra, plangente, à hora do Angelus e convida à meditação.

Poderia, sim, ser aquela brisa fresca que afaga os ramos da mata, que desprende as folhas mortas, que dá alento ao peregrino, que acalma o mar, que joga, como dizia Caymmi, "uma flor no colo de uma morena em Itapuã".

Mas, gostaria mesmo de ser o Amor, com todo o mistério e força do seu divino abstracionismo; arrebatador, devastador, criativo, louco ou encantadoramente plácido, como o de mãe. Que atinge a todos, que embota os sentidos, que cria anjos e demônios, que redime e condena, que escraviza e liberta, que leva à vida ou à morte, que é eterno e renasce a cada dia, que mantém vivo o mundo, que é esperança, afinal.

Num milagre de síntese, disse Mario Quintana; "Se me esqueceres, só uma coisa, esquece-me bem devagarinho."

É, já decidi, vou ser, mesmo, Amor!

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(dedicado a todos os amantes e amadas do Recanto das Letras)

 

 

 

paulo rego
Enviado por paulo rego em 02/12/2013
Reeditado em 13/12/2013
Código do texto: T4595494
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