SEM PERDER A INOCÊNCIA
Tu ensinas o gozo e eu troco contigo o que sinto e entendo do mesmo gozo, certo? Tudo bem, vamos lá, que além de mim, também sinto fome de palavras e letras. E eu quero que tu também tenhas fome entre os joelhos. Vai ser um grande gozo, o amar nascido da furtiva amizade, na realidade virtual. Beijos onde eu te gosto. Hum, isso é muito delicioso! A escurinha bocuda, linguinha esfomeada, ávida. É, gosto de ser ela, desejosa de corpo, de penetração. O íntimo chega com fome e descaramento porque é ingênuo e desejoso. Uma lindeza pra quem não tem nada a esconder. Vês como eu (te) sinto mais agora? Mesmo que a vida tenha o viril sonhador preso por liames – alguns laços que a vida apresilhou nos amantes. Aí é que está o nó apertado da possessão, do desejo. Ah, eu sei! Eu o sinto, esfomeado de ti e de mim, mar de ondas batendo, docemente sentada, pernas abertas. Intimidade de saber-se bicho no cio, fêmea, sem perder a inocência, apesar da vontade de rasgar todos invólucros e enxovalhos. Tudo mais abaixo, à espera da onda que me torna cega, a ponto de não conseguir ver nem mais o peixe. Sereia em gozo de tempo e coito.
– Do livro POESIA DE ALCOVA, 2013.
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