Diário de Sonhos - #057: Parasita
Sonhei que estava numa espécie de laje ou plataforma alta numa imensa ruína asteca. Era de dia, mas tudo em volta era cinza-esverdeado, cor de musgo. À distância eu conseguia ver montanhas cinzentas no horizonte, mas tudo era turvo e embaçado, como se uma camada de névoa pairasse sobre a região. Era sobre essa laje que eu estava tendo aula. Lá estavam todos os meus colegas do ensino médio, sentados em carteiras. O coordenador Paulo vem até mim e diz que precisa conversar com alguns alunos que vão repetir de ano. Estes alunos são o Jean, Fernanda, Alexandre e eu. Descemos as escadas atrás do supervisor. Chegamos a um canto fora de vista, devido às construções em volta. Criaturas segurando machados e lanças surgem e nos cercam. Caímos numa grande armadilha!
Estamos fugindo, mas não conseguimos ir muito rápido porque estamos levando dois burros de carga juntos, e eles são lentos e desajeitados. Agora estamos dentro de uma tumba ou algo assim, tentando sair. Um buraco abre no teto, como se alguém tivesse removido um pedaço do piso. Um homem oferece ajuda e nos tira de lá.
Estou de volta à superfície, e o coordenador Paulo se revela ser na verdade um poderoso feiticeiro. Ele invoca um tsunami. Ondas gigantescas varrem o local (apesar de não chover, continua dia). Eu esquivo habilmente das ondas conjuradas pelo coordenador. Toda vez que uma parede de água se agiganta acima de mim e começa a formar um tubo, eu salto para o lado e num rodopio fujo da onda. Mas finalmente sou pego, e saio girando num redemoinho do tamanho do mundo.
Agora é noite. Estou atravessando um pântano negro e sinistro sobre uma ponte de madeira. É tudo muito escuro e silencioso. Algumas bolhas saem da água escura, e eu sei que ali tem algum bicho. Agora estou parado na ponte, ao lado de uma casa solitária e em ruínas no meio do pântano. Sobre um poste de madeira há uma cabeça de caveira esverdeada que parece feita de jade. Apesar de ser um esqueleto, ela possui olhos azuis bem vivos, e eles me fitam de forma assustadora e sem piscar. De alguma forma eu sei que a caveira exige um sacrifício de cordas. Dou um pedaço de corda pra caveira e ela pega fogo. Em seguida aparece uma criatura muito esquisita. Ela mede cerca de cinquenta centímetros e parece uma barata, só que sem cabeça, sem asas e com muito mais pernas. Perninhas rápidas e potentes como as de uma centopeia. Ela possui um par de antenas do que pode ser considerado como sua "cabeça". Possui uma forte couraça nas "costas", como a de um tatu. Seu corpo é totalmente transparente, de modo que consigo ver seus órgãos em funcionamento, parecido com as criaturas abissais que vivem no fundo do oceano, onde a luz jamais penetra, e estes animais são totalmente cegos. A criatura (que no sonho eu chamo de criatura-gato-fóssil) se move freneticamente de um lado para outro à procura de algo para comer. Tenho alguns pedaços de salmão comigo, cada um mais ou menos do mesmo tamanho da criatura. A criatura é guiada pelo calor e tenta atacar minha mão. Ela se contorce em volta do salmão, de modo a impedir sua fuga. Inúmeros tentáculos pontiagudos saem da "barriga" da criatura e começam a sugar o salmão. Dá pra ver o sangue entrando pelos tentáculos e se espalhando pelo corpo da criatura. Ouço o pobre salmão guinchando de dor e fico com pena.
Agora a criatura fóssil se tornou um lindo gato preto. Ao meu lado tem uma embalagem de um produto, com um gato preto e a criatura fóssil estampadas na capa. Ao que parece, alguma pessoa doentia inventou uma nova forma de criar gatinhos, através de um processo horrendo e cruel. Minha gata Mel aparece e tenta brincar com o gatinho, mas ele fica sempre parado, sem se mexer. Eu sei que ele não tem consciência e nem sentimentos, e culpo a ciência por isso.
Um de dezembro de dois mil e treze.