O VELHO E O MAR
Escrever sobre literatura não é fácil, pois não sou nenhum crítico literário. Escrevo sobre as leituras que faço, sobre o que consigo captar a partir do que leio – e isso depende muito do ‘estado de espírito’ em que me encontro no momento.
Esta última semana estava a ler e reler “O velho e o mar”, escrito por Ernest Hemingway. Considerado por muitos – inclusive pela crítica literária da época um dos melhores, ou o melhor livro de Ernest Hemingway. Considerado, também, ‘de um classicismo tão puro como o teatro grego e tão novo como o futuro que os homens de boa vontade esperam produzir’.
Alguns amigos meus dizem que o livro traz uma mensagem um pouco pesada, isto é, certas características negativas do ser humano – e que o autor vivenciou e passou para a obra – concordo plenamente. Mas por outro lado, creio que não.
Aprendi muito. (Re) Aprendi a ter fé no homem, na luta constante do homem, na busca incessante de querer vencer – de nunca desistir. A esperança não se pode perder, deve-se lutar até o último instante. Alguns zombam de nossa capacidade, ou até mesmo de nossa sorte, mas quem são eles para julgarem? (E quem somos nós para julgarmos?) O importante é não desanimar.
Como o desenrolar da história notei que a conversa travada entre ele com ele mesmo (esquisito, não?) é o resultado de uma busca cada vez mais intensa. É uma busca interior, contínua. A luta, sem esmorecer, com o ‘grande peixe’ – é a luta que travamos diariamente (e o pior é que alguns esmorecem pelo caminho) – não pode abater. Temos que lutar até o fim, mesmo que sendo quase vencidos. Outro dia li que ‘perde-se a batalha, mas não se perde a guerra’ – ou vice-versa – perde-se, mas aprende-se e muito com ela.
Mesmo vendo tudo ir para ‘a boca dos inimigos’ (tubarões), Santiago (o velho) luta até as suas forças (e armas) resistirem – mas deixa um lado também em aberto: nem sempre estamos preparados para enfrentar determinadas situações (pois ‘Santiago’ não se muniu de armas necessárias para enfrentar o grande mar – a vida), mas com toda certeza, na última página do livro, ele mostra-nos que serviu de lição – e preparou-se melhor para as próximas ‘aventuras’ em alto-mar.
Assim somos nós, temos que tirar de cada situação vivida o que não funcionou, os porquês de tantos ‘não’, e passar a buscar os ‘sim’. Aprendi muito, refleti muito e buscarei cada vez mais o meu ‘eu’ interior – cada leitura uma nova aprendizagem. Leia por prazer, por degustar a mensagem. Vale muito!
22 de abril de 2007
Data comemorativa do Descobrimento do Brasil.