VIVA SOLANO LOPEZ! VIVA O PARAGUAI!
Há um ditado popular que diz: “Vento que venta lá, venta cá”. Será mesmo que isso funciona? Acho que gostaríamos muito que isso acontecesse. Senão, vejamos:
Nossos vizinhos paraguaios nunca foram, mesmo, de dar bons exemplos. Assim, não pudemos contar com atitudes que pudessem influenciar o nosso comportamento. A corrupção por aqui é tão entranhada que já constituiu uma espécie de anteparo impedindo que possíveis bons exemplos cheguem até nós, vindos de outros cantos do mundo.
A mídia faz questão de massificar o “malfeito”, com seus recursos didáticos, induzindo ao refestelamento geral em tudo o que não presta.
Basta ligar o televisor em qualquer horário em que os noticiaristas estejam vomitando suas notícias e veremos que mais de oitenta por cento delas se prendem às misérias do comportamento humano.
A banalização da morte, do estupro, do roubo, da desfaçatez e de tudo o mais que não presta, em especial o que lida com a coisa pública, ocupa os espaços dos noticiários em detrimento de algo de bom que se faça por aqui ou em qualquer parte do mundo.
Qualquer notícia que tenha vítimas fatais é difundida, em cadeia nacional, por todos os canais de televisão, como se fosse assunto de importância capital para a vida ou a cultura do brasileiro. É destruição para todo lado, gente explodindo, bombas arrebentando creches e hospitais, tiroteio na favela chamada de “comunidade”, etc...
Outro dia, divulgaram com todo o contorcionismo vocal e mimiquês, que morreram soterrados três trabalhadores nas minas de uma cidadezinha escondida lá nos cafundós do Cazaquistão! Ora! A quem interessa essa porcaria de notícia? Coisas desse tipo pululam nas telas e auto falantes, poluindo nossos ouvidos e mentes...
Acontece que uma vez ou outra ouvimos algo de interessante, sobretudo quando a notícia pode estar veiculando um excelente exemplo a ser seguido aqui por nós, nessa república decadente.
Hoje, quinta-feira, o dia estava cinzento e a chuva ameaçava despejar. Parecia o céu prestes a verter lágrimas em vista do que está ocorrendo na hipotética “Terra de Santa Cruz”.
Com o saco cheio, resolvi buscar um livro do Zecharia Sitchin numa livraria lá do Plano Piloto. Já havia feito a encomenda de uma obra desse pesquisador, prolongando ou avançando sobre a temática anterior de uma outra sua obra, “O Décimo Segundo Planeta”. Nesses livros, o autor, com fundamentação científica, de fôlego, expõe sua teoria sobre “as nossas verdadeiras origens nesse terceiro planeta do Sistema Solar”.
Como se trata de assunto muito amplo e controverso, Sitchin se estende por cerca de uma coletânea à qual deu o nome de “Crônicas da Terra”. Dele já devorei dez volumes e o motivo da minha viagem foi comprar o volume intitulado “Havia Gigantes na Terra”, em que discorre sobre suas pesquisas arqueológicas em torno do que se lê em Gênesis 6-4, Antigo Testamento.
Mal havia entrado na BR-020, liguei o rádio, na CBN, e lá estava o locutor dando conta de um fato inusitado ocorrido no Paraguai, que poderia, perfeitamente, servir de exemplo para os políticos brasileiros, principalmente no vergonhoso caso batizado de “mensalão”, avançando sobre outros que seguem a mesma escola da bandidagem política nacional.
O noticiário político do Paraguai está alardeando, aos quatro ventos, uma tremenda confusão em torno da votação da manutenção da “imunidade parlamentar” a que tem direito o Senador Victor Bogado, do Partido Colorado, por ter esse parlamentar contratado uma babá, com o ordenado de mil e setecentos dólares.
Esse fato, de per si, em nada depõe contra o político guarani, todavia, o rolo foi que o espertalhão contratou a moça através da “Itaipu Binacional”, empresa gerida por um consórcio acertado entre o Brasil e o seu país. Isso virou um verdadeiro escândalo e um mundão de gente botou a boca no trombone.
As dissidências internas, na Câmara Alta entraram em fervura quando surgiram os parlamentares contra e os a favor da instauração de uma Comissão para processar o dito cujo. Uns achavam que deveriam deixar por menos a atitude do senador e outros queriam ver a caveira do dilapidador do dinheiro público. Outros, ainda, tal como os daqui, fazendo coro com o parlamentar venal, alegavam a proteção da “imunidade parlamentar”.
Na refrega, surgiram os espertalhões, munidos de advogados e trataram de arranjar traquitanas para livrar o senador venal que, por ironia do destino, tem o sobrenome de “Abogado”.
Ora, “abogado”, em Espanhol ou, Castelhano, como dizem lá para as bandas do Paraguai, é o mesmo que “advogado” aqui para nós brasileiros. Vejam só que nome desgraçado foi arranjar esse sujeito! Pelo comportamento escancarado deve ser formado na escola da articulação matreira que inventou os embargos infringentes... Osmose, na certa!
Mas, o interessante disso tudo, e aí é que está o exemplo a ser seguido por todos os brasileiros que andam envergonhados pelas ruas, é que o povo paraguaio resolveu “boicotar” os políticos que protegiam a atitude salafrária do colega de púlpito da maneira mais inusitada possível.
Um acordo entre comerciantes resolveu “impedir” a entrada dos políticos favoráveis ao senador lambão em seus estabelecimentos, bem como não servi-los e nem vender qualquer coisa a eles. A notícia sobre os efeitos tinha explodido em Assunción pelo fato de um Shopping da cidade já ter colocado para o olho da rua um desses senadores.
Se não bastasse o lado trágico dessa atitude, ainda houve o cômico. Foi quando um outro político, ao ser expulso de um estabelecimento, tentou justificar-se alegando que estava sendo confundido com “o seu irmão” e que não era o próprio!... Saiu a toque de caixa sob uma vaia federal...
Como resultante dessa “boca no trombone”, os senadores paraguaios ficaram acuados e, sob o peso da pressão popular, no dia de hoje acabaram votando “pelo fim da imunidade parlamentar”, expondo os políticos aos trâmites legais da processualística nacional.
Como resultado prático, o senador “Abogado” vai se ver em palpos de aranha sujeito a ser expulso do Senado, a pagar a sua “babá de ouro”, como está sendo chamada no Paraguai, do próprio bolso. Tudo isso sem direito à última cuiazinha de tereré...
Para fechar a refrega, com chave de ouro, a imprensa paraguaia está difundindo o pedido de desculpas dos políticos lambões por terem votado contra a suspensão da malfadada “imunidade parlamentar”, por eles mesmos revogada depois da gritaria popular.
Voltando ao início do texto, aí estamos nós diante de um magnífico exemplo que nos deram os vizinhos paraguaios. Está na hora do povão se organizar e impedir o trânsito dessa gente pelos estabelecimentos comerciais e preparar o reservatório de vaias para enxotá-los para bem longe, principalmente das Casas do Congresso. Que se mandem para o raio que os parta!
Mas, será mesmo que o vento que está ventando lá irá ventar por aqui também? Enquanto esperamos demos nossos vivas aos vizinhos exemplares.
Viva Solano Lopez! Viva o Paraguai!