L' amore attraversa l'oceano due volte.
“L'amore attraversa l'oceano due volte”.
Rosa e Davide, no início da década de 90 do século XIX, resolvem vir de uma pequenina cidade da Itália,para o Brasil.
Eles têm um filho, ainda pequeno, o Torquato
Os pais de Rosa não querem, de maneira nenhuma, que ela venha, muito menos que traga o menino.
Segue então o primeiro diálogo dessa história:
“Rosa, você não pode ir.Deixe o seu marido que vá.Fique aqui com o seu filho”.
“Mãe, não posso deixá-lo ir sozinho.A mulher tem que acompanhar o marido, não é?”.
“Vá então.Vocês são dois loucos mesmo.O menino não vai de jeito nenhum”.
Torquato fica então com os avós e Rosa e Davide embarcam para o Brasil.
Na mala de Davide vem o livro “IL NUOVO TESTAMENTO”.
Na primeira página, ele escreve, durante a viagem:
Al.....
Attenti!... Potete tutii leggere il prezente libro:-
ma rifletti bene lettore mio che puoi com molta facilita ingannarti....
ama sempre Gesù e Maria
mi firmo col ripeterti
non dimenticare a
Gesù e Maria
Inoirec Edivad
Chegando ao Brasil, os dois vão morar em Piracicaba, estado de São Paulo e tem mais filhos.Abrem um restaurante, compram uma chácara, vão criando os filhos e nunca mais retornam a Itália.Só se comunicam com os parentes de lá através de cartas e assim os anos vão passando. Desses filhos um veio a se chamar José Romeu, meu avó, pai do meu pai.
Os anos continuaram a passar e um dia batem a porta.
Rosa vai atender e vê um rapaz muito bonito e bem vestido.
Segue então o segundo diálogo dessa história:
O rapaz diz em italiano:
“Estou procurando a dona Rosa, senhora”.
“A Rosa sou eu. E o senhor quem é?”.
“Eu sou aquele menino que vocês deixaram na Itália”.
Rosa desmaia e precisa ser levada para o sofá.
Esta é a história que contam e que ouvi várias vezes.
Quando conheci minha bisavó, Rosa, ela morava em um sobrado na Rua XV de Novembro, no centro de Piracicaba. Davide já havia falecido e ela usava sempre roupas pretas e um xale da mesma cor sobre os ombros.Os cabelos totalmente brancos e os olhos da cor do oceano que ela tinha atravessado com coragem e esperança.
Eu devia ter uns 7 anos quando ela morreu, mas ainda me lembro que o sobrado onde ela morava tinha uma porta junto à calçada e depois da porta uma longa escada de madeira para o pavimento superior.Ela já não descia a escada sozinha, ficava mais na parte de cima.Quando eu descia e abria a porta para ver o movimento da rua ela aparecia lá em cima e dizia
“Romeu vieni qui”.
Eu adorava ouvir aquilo.
01.11.2005
José Romeu