O “eu” sendo o sujeito da questão

Tenho uma grande facilidade para escrever na primeira pessoa, ou seja, eu sendo o sujeito da questão. Escrevo como se falasse para mim mesma. Depois fico na dúvida se vou publicar ou não. Surgem os questionamentos: o que vai interessar aos leitores algo tão pessoal? O que é importante para mim pode não significar nada para outras pessoas. Fico pensativa e desisto da publicação.

Hoje li um texto muito pessoal. Ele era um desabafo de uma pessoa diante da incompreensão face ao sofrimento. Esta pessoa contava algo sobre uma cirurgia que fizera e que deixara sequelas muito desconfortáveis com que teria de conviver para o resto da vida. Sabe aquelas coisas que preferimos ocultar para evitar constrangimentos? Pois era assim o problema dessa pessoa.

Enquanto lia, mais eu a admirava. Que coragem diante do sofrimento! Que força emanava de cada palavra! Que fé e, sobretudo, que humildade em se apresentar assim desnuda de todas as vaidades que nos fazem tão irreais diante das pessoas!

Afinal o que somos? Viemos do pó e para ele retornaremos. Para que achar que precisamos ocultar as nossas mazelas, nossas limitações, nossas fraquezas? Somos humanos e, como tal, imperfeitos.

Aquele texto me fez pensar muito. A pessoa que escreve assim, sem máscaras, se identifica muito com quem lê, pois ela expressa o lado humano e desce do pedestal, caminhando com quem também está sofrendo.

O autor daquela crônica foi como uma luz para mim. Pude perceber que não preciso instalar um botãozinho de censura dentro de mim. Tendo é claro, um pouco de bom senso, tudo é válido. Ser assim de coração aberto, escrita solta, bem suave, falando das coisas alegres e tristes, do dia a dia que inquieta ou, simplesmente, que encanta e nos faz pensar em Deus.

Déa Miranda
Enviado por Déa Miranda em 28/11/2013
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