SONHOS ABANDONADOS A BEIRA DO CAMINHO

No terreno baldio, junto a pedaços de madeira e muito lixo, estava jogado um colchão de casal. Seu estado era de regular a bom, o que significava que ele não permaneceria ali por muito tempo.

Observando o colchão ali abandonado, peguei-me a pensar em todo o seu uso, nos sonhos que ali foram acalentados. Será que eles também foram abandonados? Na felicidade e na dor que foram ali vividas. Será que também já foram esquecidas? Existe a possibilidade de ali terem sido concebidos filhos. Será que essas crianças hoje virariam o rosto para o depósito de lixo, ignorando o velho colchão ou precisariam ali procurar refugio?

Aquele colchão é apenas um dos muitos objetos, que as pessoas despreocupadas com o meio ambiente, e sem o mínimo sentimento de vivificação da vida que se instala por trás de toda a matéria, desfazem-se do que acreditam não mais servir para nada, descartando-se, em qualquer lugar, daquilo que por muito tempo lhes acompanhou, sem preocupar-se com o mal que isto possa estar fazendo.

A visão do velho colchão abandonado, deu uma tonalidade diferente ao meu inicio de manhã. Fiquei a pensar na maneira como nós

também nos desapegamos de nossos sonhos e nossos desejos. Será que após acalenta-los, durante tanto tempo, muitas vezes não os

deixamos abandonados e esquecidos à beira do caminho da nossa vida?

CEIÇA
Enviado por CEIÇA em 27/11/2013
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