QUESTÃO DE VALORES
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Um bar. Calçada cheia de mesinhas e cadeiras. Uma roda de amigos.
Um deles liderava o bate-papo regado a chope. E se gabava de tomar 20, 40, 60 tulipas numa sentada. Os aplausos dos circunstantes ufanavam aquele bom de copo. Todos admiravam sua façanha e, fitando-o, o incentivavam. E se alguém ali se atrevesse a dizer que não bebia? Na certa, seria vaiado.
Supermercado entrincheirado de gôndolas, abarrotadas literalmente de mil e um produtos. A maioria deles supérfluos à espreita de consumidores insaciáveis. E quase sempre com dinheiro curto. Nesses modernos templos de consumo seria considerado excêntrico quem se lembrasse de Sócrates ou de Pitágoras. Posicionando-se de outra forma diante de vitrinas e prateleiras cheias, mais de atrativos que de utilidades. Levando o ego a se conter ao canto das sereias, ao engodo do chamariz. Fazendo a própria cabeça: – De quanta coisa eu não necessito para ser feliz...
Pitágoras comparou a vida das pessoas ao comércio que se fazia na assembleia grega, durante a solenidade dos jogos públicos. Alguns iam ali para brilhar nos exercícios físicos; outros, vendendo ou comprando, eram atraídos pelo lucro; uma terceira classe não procurava aplausos nem lucro, porém ali estava para observar atentamente o que se fazia e como as coisas se passavam.
Pitágoras admitiu que não sabia ciência alguma, mas que era filósofo ao pé da letra: amante da sabedoria. Sócrates admitia nada saber de nada. Na verdade, hoje, diante do Dr. Google! Quem se atreveria a competir?...
Hoje em dia, muitos também aspiram a momentos de glória, ao clarão ofuscante dos holofotes, às colunas sociais, à presença constante na mídia, à cobiça do interesse próprio e à paixão pelo mando, e a uma vida nababesca inflada de luxo. Muitos nutrem o sonho de ficar milionários ganhando na loteria. Há quem se arrisque no Big Brother. E há os que são capazes de fazer qualquer maracutaia. Ou até de dar a alma ao diabo...