Um ser invisível
“Ser ascensorista é...”
Sou curiosa para saber a resposta desse profissional. Podemos divagar sobre os motivos que levam pessoas a encarar esse tipo de emprego, mas não podemos deixar de sentir a agonia que o elevador causa.
É um tal de “sobe e desce” andar, que temos a impressão de que a presença humana seja desnecessária para apertar um botão. Mas como tem pessoas que têm preguiça até para se coçar, quem sabe essa seja uma das justificativas que explicam o “aprisionamento” do pobre ascensorista. Falo “pobre”, porque parece ser uma figura solitária e, principalmente, esquecida pela maioria. Muitas pessoas entram e nem dão um “bom dia/ tarde/ noite”, outras parecem fingir que ele não existe e tem os que nem agradecem pela chegada ao andar desejado.
Certa vez, peguei duas vezes o mesmo elevador, com o mesmo ascensorista e adivinhem? Ele estava cochilando, nas duas vezes. Aquela cena me deixou um pouco perturbada e isso foi gota d’água para me fazer escrever. Não deve ser fácil estar em um cubículo, subindo e descendo , ouvindo conversas chatas ou interessantes, sentindo odores bons ou ruins, vendo gente de todos tipos e sem ter com quem trocar uma ideia. Talvez, o único momento em que se sente humano, seja o momento em que pode trocar algumas breves palavras com as pessoas... “Qual o andar, senhor?”