Ver o sabiá cantar
Ao abrir a janela da sala, observo o movimento dos sabiás – estão numa euforia de voo entre as carnaúbas do quintal. Aproveito: sento-me numa cadeira sem preocupação com a hora do trabalho no período da tarde.
O canto não é novo. É o mesmo de tempos e tempos passados. Para uma colocação mais certa, desde que o mundo é mundo o canto dos pássaros é o mesmo.
Ocorre que os sabiás estão cantando no meu quintal, numa sexta-feira de novembro. Para compreender melhor o prazer dos sentidos do canto, intensifico que entre mim e os sabiás passa a haver uma ligação particular de prazeres sonoros – também represento por deleite musical – em que o gorjeio estreia a ser parte de minha mente.
Em termos de percepção da tarde, o verde das folhas da carnaúba adquire outros conceitos, todos voltados para a natureza, evocando emoções meu interior. A apropriação dessas interpretações dão-me exemplos de que a capacidade de comunicação é muitas vezes tão simples: pode ser estruturada através de um canto.
[...!].
Seria notável eu dizer que tenho escutado as notas dos sabiás por toda a tarde. Assim, tendo de afirmar toda verdade e definir minha posição enquanto redatora. Existe mesmo uma relação com meu processo de criação e o canto desses sabiás. O que me coloca como intérprete da natureza. Muito bom mesmo!