Confraria...

25 anos, após, o fechamento da indústria em que trabalhavam, começa surgir a idéia do encontro, afinal, agora com a página montada no facebook ... fácil, foi agregar amigos, compartilhar fotos e derramar lágrimas contidas pelo tempo. Para a maioria dos amigos da “Confraria”, tudo ali, se tornou uma novidade marcada pela memória aquecida pelo fogo gravado feito tatuagem no coração, e deste modo, as surpresas, os faziam ficar horas no tal do face.

Surgem fotos da época em que passavam parte da vida no interior quente da fábrica de montagem trabalhando como mouros, suando em bicas..., muitas vezes esquecidos do mundo lá de fora! Amigos, inimigos, amores, desamores, esperanças, desesperanças, risos, lágrimas..., agora, viram poeira pelo caminho de cada um deles, devorados que foram pela gulodice de Cronos.

Encontro marcado, data e locais escolhidos... convites enviados pelo face, ou, no boca a boca... expectativas em rever rostos conhecidos, mas, tão desconhecidos, no momento, modificados que foram pela febre do tempo...

Dia do encontro, chego abraçando um por um, dizendo meu nome e perguntando, o de cada um... Mnemosyne cantava e dançava as minhas custas, marcando a temporalidade do corpo... na frágil concepção de “desmemoria”...

Na roda de lembranças, os colegas iam se revisitando... trocando imagens guardadas nas paredes da memória. Cada um que chegava, novas apresentações, velhos papos,,, Mãos estendidas, abraços, afetos sinceros marcavam o momento tão simbólico... Muitos minutos depois, chega mais um dando as mãos...

“De que local da fábrica você era... administração, engenharia, laboratório, montagem...” pergunta um dos membros da Confraria.

Notei no homem as feições avermelhadas, dos seus poros um cheiro de cachaça inebriava o ambiente... Seus olhos enigmáticos questionavam... sem entender a pergunta, foi pedindo um trago de cachaça... como, ninguém pagou... saiu com aquele andar amolecido pela cajibrina...sem entender a importância do momento para tantos corações!