CONSCIÊNCIA NEGRA OU DIA DA ESCRAVIDÃO SOCIAL?

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Por que um Dia Nacional da Consciência Negra se a sociedade brasileira é formada de índios, negros e portugueses? Não seria melhor ter um Dia Nacional da Miscigenação das Raças porque o Brasil vive uma “escravidão social” injustificável pela falta de regulamentação ou cumprimento efetivo de vários itens do Art. 5º da Constituição!

Intensos movimentos antecederam à assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, proclamando a abolição dos escravos no Brasil. Mas essa data marca também o início da escravidão social no país. Libertos, mas sem terras, documentos, casas para morar ou dignidade para viver, os negro já tinham vivido antes as Leis do Ventre Livre e dos Sexagenários. Contudo, finalmente deixavam de serem “os escravos negros” e passaram a ser “os escravos sociais” porque, mesmo libertos pela princesa Isabel, por uma Lei questionável em todos os seus aspectos, não lhes foram assegurados quaisquer direitos à dignidade. Hoje, a sociedade tem direitos, mas muitos lhes são negados e dependem de movimentos sociais para serem cumpridos!

Sem dinheiro, documentos, casas ou terras para chamarem de suas, passaram a serem mais escravos dos brancos, principalmente porque suas antigas ocupações lhes foram tiradas sem lhes oferecer nada em troca. No Brasil mestiço de hoje, para quê comemorar só o Dia da Consciência Negra? Não vejo sentido, embora respeite e aceite!

O “Dia Nacional da Consciência Negra”, resultou de uma grande luta dos movimentos sociais, em homenagem do dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695, para fazer relembrar da resistência do negro à escravidão de forma geral, desde o primeiro transporte de africanos para o solo brasileiro em 1549, é para se fazer uma reflexão se realmente os escravos ficaram livres ou se permaneceram presos aos vícios de uma sociedade que não lhes oferecia qualquer tipo de oportunidade e lhes negava o mínimo que era um emprego remunerado. Para substituir a antiga mão-de-obra escrava importaram brancos de várias partes do mundo e lhes pagavam.

Enquanto isso, os escravos libertos passaram a ser escravos de um preconceito social e moral da sociedade ainda um pouco escravocrata e não totalmente liberta dos ranços de anos e anos de modelo escravagista. Não estou querendo dizer que a libertação dos escravos tenha sido um erro, mas a sociedade não estava preparada para recebê-los com a dignidade que mereciam. Esse direito à dignidade mínima de vida lhes foi negados.

Mas por que um “Dia Nacional da Consciência Negra” se a sociedade brasileira é formada por uma miscigenação de raças, com maior predominância na cor parda, com a mistura de índios, negros e portugueses? Por que, então não se cria um Dia Nacional da Miscigenação das Raças? Acho que seria mais apropriado!

Não desconheço a importância e atribuo ao Movimento Negro a o maior do gênero no país, a inclusão da data no calendário nacional de feriados, para serem discutidos durante uma semana, temas como a inserção do negro no mercado de trabalho, as cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, procurando se evitar o desenvolvimento do autopreconceito, ou seja, da inferiorização do negro perante a sociedade. A data começou a ser celebrada desde a década de 1960, mas foi ampliada nos últimos anos.

Mas será que não seria melhor criar a Semana Nacional da Miscigenação de Raças e discutir a inserção de todas no mercado de trabalho, na moda, na economia, enfim porque a verdadeira escravidão social, moral e degradação tiveram início quando foi assinada a Lei Áurea no Brasil pela Princesa Isabel e os libertos por uma canetada perderam suas dignidades sociais, morais e de moradia digna e, pior, perderam seus antigos campos de trabalho e moradias porque os latifundiários da época passaram a importar mão de obra da Europa para o cultivo de café e cana de açúcar, as culturas predominantes no período que antecedeu a abolição.

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 20/11/2013
Reeditado em 24/11/2013
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