Diário de Sonhos - #054: Monstra
Este é mais um daqueles sonhos terrivelmente assustadores e fortes que ficarão marcados em minha mente, mas ainda que eu fosse um Shakespeare, minhas palavras não chegariam nem perto de fazer jus ao horror e força das imagens que vi neste sonho.
Eu sonhei...
Sonhei que estava com um rapaz, caminhando pelas ruínas de uma cidade. Era noite, muito escura, o céu era meio avermelhado e à nossa volta havia ruínas do que outrora devia ter sido um grande centro comercial. Ele diz que precisa fazer uma coisa, e que é pra mim ir junto. Entramos numa construção destruída, parece uma espécie de galpão ou fábrica. Escalamos algumas escadas e paredes. Chegamos a um corredor longo e escuro que se manteve intacto apesar da destruição em volta. Ouço gemidos. Ele caminha na frente e some na escuridão. Hesito, mas resolvo segui-lo de medo. Vejo grades e celas. Parece uma prisão.Alguma coisa toca no meu pé. Quando olho pra baixo, vejo seres humanoides e disformes, burros e cegos tateando pelo chão à procura de alguma presa. São homens albinos e carecas. Suas pernas estão presas às suas costas, os pés tocando nos ombros, de forma que seria impossível ficar nesta posição sem quebrar o quadril. Há um pano preto cobrindo seus olhos, seus dentes estão quebrados e afiados como presas. Eles gemem de dor, como se implorassem por alguma coisa. Sua imagem me causa dor, e continuo procurando pelo rapaz.
Ao final do corredor, há uma porta diferente. Há dois buracos pra olhar, e de dentro da sala emana uma luz violentamente laranja avermelhada. O rapaz pede pra mim olhar. Lá dentro vejo um monstro deformado, mas suas formas femininas chegam a ser sensuais. É uma monstra, na verdade. Ela não tem rosto, boca e nem ouvidos. É meio corcunda e tem braços desproporcionais. A impressão que eu tenho é de que tivessem pego uma mulher e esticado sobre ela uma capa feita de carne. É como se ela estivesse presa numa roupa de látex da cabeça aos pés. O monstro está de joelhos, balançando a cabeça freneticamente de um lado para o outro. O rapaz entra na sala e o monstro foge apavorado para um canto. O rapaz tira a roupa e caminha até o monstro. Pega-o por trás e inicia uma sessão de estupro. O monstro geme de prazer e dor. Quero fugir dali.
Agora estou no ponto mais alto da construção, num telhado. O rapaz está ao meu lado, apavorado. Lá embaixo vejo uma criatura bizarra, com corpo de escorpião, busto de mulher e cabeça de esqueleto. Ele ronda, como se estivesse procurando algo. Tenho medo. Ouço um grito ao meu lado, e uma luz vermelho alaranjada. É o monstro que foi estuprado pelo rapaz. O monstro está amarrado numa cama podre e imunda, e flutua no ar. Ouço um zumbido grave e constante que me dá arrepios.
Agora estou ao lado da criatura em forma de escorpião e da monstra. Pergunto se eles não podem devolver meu amigo, mas eles dizem que não. A criatura escorpião carrega o rapaz inconsciente em suas costas e adentra uma espécie de igreja ou mosteiro destruído e podre. A monstra também entra, e de lá de dentro emana uma luz laranja avermelhada.
Vinte de novembro de dois mil e treze.