O Bate Bico

A que nos remete a expressão: (Bater bico?)

Será a uma rinha de galos, ou a um alvoroço no poleiro?

Quando criança, morava em Piritiba no interior da Bahia.

Lá, havia uma misteriosa rua com este nome. No Bate Bico

moravam as "mulheres de vida fácil" quando um cidadão de bem

era visto passando por lá, os bicos começavam a bater

e o prestígio do referido começava a declinar...

Os solteiros podiam frequentá-la na calada da noite.

Quando chegavam "moças de fora," os homens se agitavam,

o cabaré se animava, e as mulheres de boa reputação ficavam antenadas!

Tempo depois, fui trabalhar numa comunidade rural,

morava na casa de uns tios que possuíam ali algumas propriedades.

Da janela do casarão via-se tudo o que se passava na rua.

Ali, a rua escusa chamava-se Rua das Tripas.

Quando o meu tio, que era simpático e bonachão, passava por lá voltando da fazenda em sua bela montaria, a tia ficava da cor de "manga rosa" e quando o tio entrava em casa, ela espichava o bico e começava a bater, bater...

Ele dava gargalhadas!... Levava o assunto na esportiva, então ela se

irritava mais ainda e falava: "Não tem vergonha não, não tinha outro caminho por onde voltar?" Resmungava com os nervos à flor da pele!

Aquelas ruas periféricas tiravam a paz das esposas inseguras...

Devagar, foi chegando o progresso, e com ele a luta das mulheres

pela sua liberação.

Foi então paulatinamente, liberando tudo!

Acabaram-se as ruas escusas, os galinheiros foram totalmente abertos!

Hoje, todos, galos e galinhas podem bater bicos à vontade, e às vezes, a confusão é tal que já não se sabe mais distinguir quem é galo ou galinha!