Deus e o mensalão

Imaginemos que não o STF, mas o próprio Tribunal Celestial tenha condenado os réus do mensalão. Aos simpatizantes do grupo, apenas substituam os nomes por outros do mensalão tucano.

Pois eles foram julgados pela justiça divina, a qual, convém lembrar, não admite recurso. Em sua infinita sabedoria, Deus avaliou que uns eram mais culpados do que outros, razão pela qual houve quem fosse mandado direto ao inferno e outros ao purgatório (espécie de regime semiaberto). Misericordioso, Deus tem aceitado receber pedidos de revisão de pena, já que todos se consideram inocentes. José Genoíno, por exemplo, embora esteja morto, alega problemas de saúde e pede para cumprir pena em casa. Como lê os pensamentos, Deus não gostou nada de saber que Genoíno se considera preso político.

Pior fez José Dirceu que, ignorando a possibilidade de ser fulminado, disse abertamente que pretende anular essa “sentença espúria” e que se preciso for irá apelar à Virgem Maria. Em nota psicografada em sessão espírita, Dirceu disse ainda que causa estranheza que um ser superior, com no mínimo seis mil anos de experiência, tenha escrito um mandado tão inespecífico como este.

Também foi este o tom de Delúbio Soares, que inclusive demonstrou surpresa com a confirmação da existência de alguma coisa superior ao seu partido. Marcos Valério, por sua vez, fez duras críticas aos querubins que o levaram preso, acusando-os de “incompetência total”. Pizzolato tentou fugir para a Itália, o que não foi um bom negócio, pois Deus tem representantes em Roma.

No mundo dos vivos, prepara-se um ato de desagravo contra as arbitrariedades divinas e cogita-se até mesmo processar Deus por crime de responsabilidade. Por outro lado, adversários políticos como Aécio Neves já vislumbram a possibilidade de ter Deus como ministro ou até mesmo vice-presidente em um eventual governo oposicionista.

Lá de cima, Deus pensa se não está na hora de mandar outro delúbio de quarenta dias e quarenta noites.

Henrique Fendrich
Enviado por Henrique Fendrich em 19/11/2013
Reeditado em 19/11/2013
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