- Corre menina ! Vem vê quem tá passando !
Nossa, ele tá tão bonito... úi, com aquele ar pensativo, de óculos de sol... um gato ! Corre, vem vê !
- Ah, mas eu já vi...
- E por que tu não foi falar com ele ?
- Não sei ao certo...
- Mas devia. Devia perguntar como ele está, puxar assunto, conversar.
Vocês são sempre tão divertidos e intensos juntos.
Sem falar que sei que tu te preocupa com ele. Bora, vai lá !
- Melhor não...
- Aff... Mas tu é mesmo burra guria !
Tá perdendo a chance de se aproximar.
- Burra ? E tu tá perdendo a chance de ficar quieta !
- Tá bom... Reformulando:
Mas tu é burra ehm prenda !
- Debochada... Aff...
Que tipo de consciência és tu ?
Que amiga ehm... credo !
- Eu tô sendo tua amiga ué.
... Ah, agora já entendi... Tá com medo né ?
Ôh medinho besta viu...
Nunca ninguém te falou que amor é assim; que dói, que dá calafrios, borboletas no estômago ?
De borboletas tu bem que gosta, então não te faz de desentendida !
- Ok, ok. Eu adoro sentir aquela sensação.
- Então ? Pra isso, precisa se arriscar, se jogar de penhascos.
O amor exige corpo e alma ! Para o amor ou é tudo ou é nada !
- Eu sei... Mas é tão bom ficar aqui olhando ele passar em frente a minha janela...
Enquanto ele passa, tatua-me com seus ventos; únicos e raptores de todos os meus sentidos...
- É, mas como ele vai saber que tu sente falta ? Por telepatia é ? Vai à luta poxa !
- Ele sempre sabe... Ele sabe que eu o sinto em cada poro, em cada suspiro, em cada facho que ele (in)conscientemente me brilha.
- Ôh meu pai do céu... Ele tá indo embora !
Óh viu, já foi... passou. Eu bem que te avisei !
- Não faz mal não... Aqui de dentro de mim, ele nunca passa...
Denise Matos