O dia em que eu voltei à realidade
“No dia em que eu voltei à realidade, tinha biscoito no chão do quarto e eu tinha acordado cedo demais. Passei o dia todo escutando Pink Floyd no fone pra minha mãe não brigar. Assisti desenho até chorar de tanto rir das piadas idiotas, mas que me fizeram feliz na infância. Eu comi tanto chocolate que fiquei horas no banheiro que tinha cheiro de menstruação.
No dia em que eu voltei à realidade, me apaixonei pelo filme que me fez dormir e sonhar com um monstro. Acordei e parei de amar tudo. Principalmente as lágrimas que insistiam em cair e manchar o papel que era marcado por algum sentimento.
No dia em que eu voltei à realidade, peguei o violão e toquei uma melodia aleatória que depois eu anotei pra não esquecer. Dormi de novo e sonhei que não te conhecia. Foi um sonho tão bom.
Nesse mesmo dia, eu tive a certeza de que a semana perfeita que passou era apenas um conjunto de ilusões que me fez feliz por um curto momento. As lágrimas que foram derramadas foram apenas uma libertação do que eu não conhecia, mas que eu sempre odiei. Os falsos sorrisos expressados foram apenas uma tentativa de ser feliz. As palavras escritas foram apenas uma tentativa de ser alguém reconhecido. Os sentimentos revelados foram apenas... Sei lá o que foram!
No final do dia em que eu voltei à realidade, eu fiz uma sopa. Nessa sopa tinha lápis, papel, borracha e fone de ouvido. Eu misturei tudo e nasceu o que eu posso chamar de felicidade não duradoura. Talvez fosse disso que eu precisasse. Um pouco de felicidade parecida como a brisa de verão. Uma felicidade que você sabe que precisa, mas que quase nunca vem pra ficar.”