Era Madrugada

Era madrugada. Eu digitava um texto que não sabia onde ia dar. Ou que caminho ia tomar. Simplesmente escrevia, como quem tem vontade de pôr algo para fora. As palavras eram cuspidas tão orgânicamente, que mal sobrava tempo para pontuar. O importante era a informação. Mas pera...que informação? Boa pergunta. Foco, vamos achar um foco...

Era madrugada. Um escritor sem inspiração escrevia linhas tortuosas que não levavam a destino algum. Era um livro sem publicação, uma crônica sem interlocução. As folhas brancas eram riscadas de preto, mas sem significado algum. Um borrão míope. O escritor coça os olhos. Rasga a folha...

Era madrugada. Mais uma noite sem dormir. Sem motivo, apenas sem vontade de deitar antes que o relógio o assustasse com a hora adiantada. O problema seria acordar cedo. Como sempre. De repente ele se via pensando em todas as coisas que não fez, mas que ainda assim não tem tempo para fazer. Mas tem tempo para escrever textos sem conteúdo à noite? Era melhor dormir cedo para sobrar tempo. Dormir cedo? A hora ainda não estava assustando. As linhas sem sentido sim...deleta, deleta, deleta...

Era madrugada.