Pedro e Bela

Ela era uma garota quase comum. Escorpiana, 19 anos, fã de The Beatles, ruiva genuína, usava tênis All Star e adorava matemática. Seus pais, quando ela nasceu, decidiram que a garota se chamaria Isabela. O resto do mundo a chamava de Isa, ou Bela ou apenas Bel. Trocava temaki por comida árabe e preferia os dias nublados. Odiava esse pessoalzinho que “pagava de hipster” na internet. Havia começado a estudar Engenharia. Trancou; se sentia mal naquela sala cheia de garotos metidos e garotas que tinham tudo, exceto inteligência. Seus amigos diziam que ela tinha jeito para fazer Moda, seus pais queriam que ela se tornasse uma advogada renomada no futuro, seu irmão mais velho queria que ela fizesse Medicina, sua melhor amiga dizia que ela se sairia bem se escolhesse Psicologia e suas tias viviam dizendo que ela tinha que arranjar um namorado. No fim das contas, Isabela escolheu Física.

Coisas bacanas aconteceram quando ela começou a faculdade. Ganhou uma nova melhor amiga, uma rotina cheia de tarefas e o coração bobo de um carinha que era da turma de Filosofia. Na verdade, esta última “coisa” ela conquistou, pois o coração de Pedro não era algo como dinheiro, coisa que qualquer um pode ganhar. Ele era o típico bonitão que tinha de inteligência o dobro da quantia de beleza. As garotas da universidade viviam aos seus pés, mas nenhuma conseguia conquistá-lo. Para Pedro, os estudos estavam em primeiro lugar, e foi isto que o aproximou de Isabela. Ela pensava igualmente, e, devido ao seu maravilhoso hábito de passar a maior parte do tempo na biblioteca, eles se conheceram. Não, ele não esbarrou nela. E, não, também não se aproximou para conversar. Nem ofereceu café, nem Halls de melão, nem um chiclete Trident. Ele apenas estava lendo seu exemplar da Superinteressante e ela se apaixonou quando viu que os óculos escorregavam lentamente pelo nariz dele. Isabela, ao contrário das outras garotas, não viu que ele se vestia bem e que suas roupas demarcavam um corpo escultural. Ela viu os olhos castanhos escuros que se escondiam atrás de cílios espessos e os cabelos despenteados. Ele sorriu quando viu que estava sendo observado e, ao invés de identificar um charmoso sorriso que formava covinhas, ela viu a timidez dos olhos que se esconderam mais ainda.

Foi ela quem se aproximou. Após alguns minutos, Isa e Pedro conversavam como se já se conhecessem há anos. Eram tantas coisas em comum, tanto para falar e tanto para ouvir que os dois se atrasaram para suas próximas aulas. No dia seguinte, passaram os vinte minutos do intervalo conversando. E no outro dia. E no próximo. E nas semanas seguintes, e durante os meses que foram passando. E os vinte minutos do intervalo foram se transformando em idas ao cinema, teatro, museu e jantares em restaurantes árabes. E o resto… bem, o futuro a Deus pertence.

Lillian Cruz
Enviado por Lillian Cruz em 17/11/2013
Código do texto: T4575097
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