JUSTIÇA PARA POBRE E JUSTIÇA PARA RICO

Nascido Rivelino, homenagem que o avô paterno fez ao craque da seleção brasileira campeã no México; o garoto assim que completou 15 anos, deixou a família e o nordeste indo para São Paulo em busca de uma vida melhor, com a promessa de um dia voltar para buscar a todos.

Na grande capital encontrou serviço como faxineiro em uma loja de tecidos de propriedade de uma família turca, no bairro do Brás. A família que residia nas proximidades da loja cedeu um quartinho nos fundos da casa, para o garoto nordestino de olhos vivos, morar.

Assim se passaram 12 anos. Rivelino tornou-se um rapaz bem “apanhado” e já não mais fazia a faxina da loja, tornou-se vendedor e aprendeu as “manhas” comerciais com o patrão, o “bigodudo” Emin.

Rivelino era quem abria e fechava a loja; assim sempre saia mais tarde do estabelecimento, o patrão já entrado em anos, deixava o serviço mais cedo.

Num dia frio, quis o destino que Rivelino quando fechava a loja, recebesse a “visita” aterrorizante de três meliantes empunhando armas, que o assaltaram e levaram toda a féria do dia, deixando o pobre rapaz deitado ao chão e amarrado, contudo, sem ferimentos.

Nos interrogatórios a que foi submetido pela polícia, Rivelino, despertou a suspeita de participação no assalto, de conluio com os assaltantes. Por mais que negasse, não houve jeito, foi indiciado. Apanhou mais do que cachorro sem dono. Diante de tanto espancamento, assinaria a confissão de qualquer crime que lhe imputasse até mesmo o assassinato de JFK.

O delegado pediu a sua prisão preventiva e o juiz decretou.

O bigodudo Emin não deu ao nordestino o menor crédito e ou amparo, o pobre ficou ao Deus dará, e teve como defensor um advogado da defensoria pública, indicado pelo juiz.

Depois de dois anos e cinco meses de prisão, sem condenação, onde sofreu todo tipo de barbárie que se possa imaginar, Rivelino foi absolvido e solto. Nada contra ele foi provado. Foi libertado, todavia, já não era a mesma pessoa.

O nordestino procurou pelos poucos amigos que tinha, mas todos lhe viraram a cara; a acusação de assalto falava mais alto.

Abatido e com a honra de nordestino despedaçada, Rivelino passou a dormir na rua, a pedir dinheiro nos semáforos, daí a cair na cracolândia foi um passo. Dias depois o pobre rapaz foi encontrado morto. Trazia consigo, além do documento de identidade, a fotografia da sua família no bolso da surrada calça.

Enquanto isso os fiscais Luis Alexandre Magalhães, Ronilson Bezerra Rodrigues, Eduardo Horle Barcellos e Carlos Di Lallo, acusados de fraudar o pagamento do ISS na Prefeitura de São Paulo num montante até agora apurado de aproximadamente quinhentos milhões reais, estão livres, aguardando o julgamento em liberdade.

A prefeitura anunciou que os fiscais suspeitos de envolvimento no caso ficarão suspensos das atividades por 120 dias.

Configura-se claramente o dito popular de que o Brasil têm duas justiças, uma para os ricos e outra para os pobres. Há ainda quem diz que existe uma justiça especial denominada, JUSTIÇA DOS Ps; para os pobres, pretos e putas. Será?

Lamentável!