Eu quero mais é.......
É domingo e a cidade está fervendo, por conta do feriadão e do feriado na quarta feira na cidade do Rio de Janeiro, quando todos têm a mesma brilhante idéia de deixar a mesmice estafante da semana inteira de buzinas, monóxido de carbono e congestionamentos kilométricos. Vão ficar engarrafados na ponte Rio/Niteroi, paisagem linda da Baía de Guanabara, num sol de rachar mamona e sensação térmica de quase cinqüenta graus. E é só o começo. Normalmente a viagem até Rio das Ostras leva algo em torno de três horas e meia, com um feriadão esticado a coisa muda pra umas seis ou sete ou oito horas de viagem, mas vale à pena, dá tempo pra ir conhecendo os filhos, saber do que gostam, já que não sabem a cara que eles têm durante a semana, pois a luta pela sobrevivência é feroz e o tempo é escasso. Acho até que já existe uma pesquisa sobre famílias que se conheceram de fato entre um lanche, um almoço em meio a engarrafamentos infernais. Estão vendo? Deus não falha, inventou o feriado e o engarrafamento pra que as famílias pudessem se conhecer. E não vale reclamar, tudo é festa. Se o neném vomitar no colo da mãe por causa do calor que azedou o leite da mamadeira, é festa, se a filhota de treze anos resolveu que a primeira menstruação aconteceria num engarrafamento na Rio/Manilha, é festa. Mas, finalmente chegam a Rio das Ostras, deixam as coisas espalhadas dentro de casa e se enfiam de volta dentro do carro com destino à Costa Azul. Que maravilha. Acham que vão estacionar logo ali em frente ao marzão azul. Ledo engano, pois mais ou menos cinco mil carros e motos já estão lá, parados, engarrafados. Mas está valendo, tudo é festa. Enfim um lugarzinho apertado pra estacionar o carro, perto do camping, por onde já tinham passado uma hora e meia atrás. Sorrisos aliviados, até que tiveram sorte, só a uns quinhentos metros da praia. Todos com cara de quem vai se esbaldar. Enquanto eu passava por esse comboio, pedalando minha bicicleta ia imaginando e chegando à seguinte conclusão. “Nem como o diabo é que eu fico aqui nessa cidade fantasma num feriadão, dá a maior deprê. Vou é seguir o fluxo. Eu quero mais é engarrafarrrrrrrrrrrrrrr”