MANHÃ DE DOMINGO
A chuva chegou molhando tudo com águas trazidas de lugares distantes numa reciclagem natural e dadivosa.
Veio mansa, tímida, meio escondida, para depois abrir-se mais, porém, sem força, sem violência, apenas chuva com a qual o telhado aproveita para fazer barulho gostoso e o meio-fio da calçada formar pequeno córrego que leva folhas caídas e que deságua no bueiro escuro da estrada deserta numa manhã de domingo.
O Sabiá voa em silêncio entre os galhos frondosos das árvores, o Rouxinol não apareceu, assim como o Bem-te-vi. O Canário, também hoje, não deu no ar a graça de seu colorido, nem o Pardal, muito menos a Andorinha, apenas uma rolinha solitária, cujas penas parecem impermeáveis, empoleirada no alto do telhado da casa vizinha, me observava andar na chuva em busca do abrigo confortável da varanda onde eu, então, saquei o meu caderno de escritos da mochila ao pé da cadeira, para descrever o que estou vendo e sentindo, agora.
Ontem, foi um dia de céu azul, azul, de muito calor, muito sol, praias lotadas, cerveja e suor, hoje um dia de céu acinzentado pelas nuvens repletas de água e que amenizam a temperatura tornando a manhã propícia à contemplação, reflexão e descanso.
Uma manhã desprovida de sons de rádio, tv's, vozes, apenas o murmúrio das águas da chuva que caem constante e ritmadas, fazendo este, de todos os sons, o mais agradável e convidativo a um momento de pensamento e relaxamento.
Bom domingo para você!