.: Um dia, um adeus:.

.:São exatamente 03h25m do dia 16 de novembro de 2013. Comumente estaria dormindo. Risos molhados.

Pois bem. Estou frente ao notebook, misturando letras para quem sabe, formar algum pensamento coerente. Youtube a mil por hora. Incomplete é o que toca. Um cigarro queimando no cinzeiro. Uma caneca de café frio.

Ontem me despedi do meu avô; pai do meu pai. Uma semana, sim sete dias antes de completar cinco anos de sua partida. Hoje , pai e filho vão se encontrar ( na visão dos católicos , claro). Sei que um recebeu o outro. Mas na verdade, o verdadeiro encontro acontecerá quando esse um , estiver por completo, curado. Sim, eu acredito no que diz a doutrina espírita. Embora tenha sido criada , batizada e crismada ( ta, eu casei também) na igreja católica. Enfim. O dia até que foi bom. Mentira. O dia foi péssimo. Evitei chorar vendo o corpo imóvel e frio de meu avô. Resisti por horas. Eu sabia que a missão havia chegado ao fim. Concluída com sucesso. Afinal, meus amores, não é qualquer um que vive 95 anos. Eu sei que não chego lá. Mas ele chegou. E partiu.

Vieram 'encomendar' o corpo. Rezei. Segurei as lágrimas ( eu tinha que provar a mim mesma que estava com o coração petrificado).

Riso torto, de canto da boca agora. Besteira pura. Fecharam o caixão. Saímos rumo ao cemitério. Olhar frio, por trás de lentes escuras. Assim era eu.

Finalmente, a estação do adeus. Despedida. E de repente um vaso de flor vem parar em minhas mãos.

Pensei comigo: se F* Ana. Agora você vai enfrentar o pior. E fui. Respirei e fui. Passos curtos. Olhar perdido. Um vaso e nada mais. Os curiosos observavam atentos o buraco aberto. Ali jazia minha avó e meu pai. Me aproximei. Olhei. O Sol das 16 horas ardia. O coração até então petrificado, virou pó. Chorei. Chorei com dor. Aquela foto fria me trouxe a saudade em sua forma mais intensa. Ele estava ali. O que restou dele estava ali. Meu herói. Meu esteio. Meu porto. Meu tudo. Meu pai!! Cinco anos passaram tão rápido. Como faz falta sua presença.

Meu avô se juntou a ele. Se juntou também, à minha avó. Os mais velhos, finalmente, se reencontrarão. Não ontem. Não hoje. Nem amanhã. Um dia......Um dia sim.

Encerrei outro ciclo. Entreguei um aos cuidados de outros. Um amor amparando outro amor. E outro.

O que concluo ?

Nada.

Salvo a falta que a presença física me faz. Mas , a presença espiritual sobressai. E sei que esse outro dia do adeus, será substituído pelo dia do "poxa, como tá sendo bom te encontrar de novo"......

Doeu. Mas virei as costas e sai. Não olhei para trás. Respirei fundo e fui.

Pra onde?

Pra batalha que a vida insiste em me apresentar, dia a dia.

O que deixo com isso? Simples.

Aproveite quem você ama , hoje. Com intensidade.

Amanhã, caso não faça isso, você poderá estar com um vaso em mãos, perdido como eu fiquei. E ai meu amigo. A jiripoca pia. Grita. E você retorna, sozinho, para começar tudo novamente :.