Uma moeda de grande valor!

Achei legal que o prefeito de Ponta Grossa (Pedro Wosgrau Filho) venha a lançar o programa “Uma moeda por um sanduíche” como parte das ações de segurança alimentar em curso nesta cidade. Pelo que entendi serão lanchonetes populares onde certamente terá refresco de fruta natural para complementar o lanche, afinal engolir a seco só mesmo o leão do imposto de renda, que este ano já rugiu a minha porta. Mas, felizes são aqueles que pagam algum imposto; municipal, estadual ou federal. Pelo sim ou não, quem paga imposto pode dizer contribuiu para colocar alguma coisa dentro do pão dos pobres.

Dinheiro pode não sobrar nos cofres públicos, mas quando o administrador quer pode tomar ações como esta, pois até eu que imprimo o meu dinheiro em papel jornal, quantas vezes já fui surpreendido só com umas moedinhas no bolso. E garanto que morasse em Ponta Grossa não me faria de arrogante para não provar de um sanduíche popular, com ou sem maionese! Sou daqueles que agradeço ovo frito sabendo que a maioria come filé nenhum. Ou para que me serve assistir aqueles documentários dos países sub-subdesenvolvidos? Para me envaidecer por ter o que comer, ou para aprender a comer o que tenho?

Quando viajo saindo do sertão onde moro para ir a capital, Salvador, novecentos quilômetros distante de carro, de moto ou de ônibus faço questão de imitar outros sertanejos, que conhecedores dos valores altíssimos cobrados nas paradas as margens das estradas, carrega sua farofa de frango. Não chego a tanto, mas levo biscoitos, pequenos sanduíches, sucos ou “todinhos” comprados nos supermercados, tudo custando à metade dos preços cobrados nas rodoviárias! E ainda tenho o prazer de oferecer ao vizinho de poltrona, quantos que estão indo a busca de tratamento médico ou por necessidade extrema. Um dia, um senhor aceitou meu pequeno sanduíche e de troca me deu uma moeda, vinte centavos, e rogou: “receba, dá pra comprar o pão pra outro”. Não sei se ele dizia para outro sanduíche, ou se para outros que outro que em outra viagem tiver a mesma fome!

Por isso entendo que cobrar uma moeda, de qualquer valor, por um sanduíche, é valorizar a auto-estima daquele que tem fome. Se eu não me faria de arrogante a ponto de trocar uma moeda qualquer por um sanduíche, de outro lado não me humilharia em entrar em fila onde por um prato de comida tivesse apenas que dizer amém! Antes eu iria pedir uma moeda a outro alguém! Fique preparado meu xará prefeito, que Seu Pedro jornalista qualquer dia desembarca em Ponta Grossa com o bolso cheio de moedinhas!

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(*) Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal Vanguarda, de Guanambi Bahia...