Termodinâmina no sertão

Josevanilfo era um jovem rapaz caipira que vivia em uma cidadezinha do interior da terra de São Nunca, de tão escondida que era nem nome o pobre lugar tinha, o nome, porém não impedia que o jovem rapaz sonhasse com algo além do que lhe era oferecido. E o jovem rapaz sonhava em ir além do meio do nada, tinha família uma mãe que na boca das pessoas tinha “um fogo da gota serena”, já que dela saíram mais de 23 filhos, dentre eles o tal sonhador Josevanilfo.

O lugar era quente e coisas sobrenaturais aconteciam naquele pacato lugar, há que o chamara de estágio do inferno, ou que haveria intervenções do “capeta”, afinal as coisas aconteciam e ninguém sabia explicar.

- Mas que coisas seriam essas? Perguntava-se o moço. E ninguém o respondia, e quando alguém ousava responder, parecia uma piada , ou uma coisa qualquer.

- Oh! Meu jovem, disse a velha senhora. A roupa seca no varal em um piscar de olhos, coisa que nunca mais aconteceu, o café nem te vou falar é só dar uma sopradinha que ele de repente esfria, Não se conformando com tais respostas, e por ser um ser muito curioso aquele jovem rapaz foi procurar respostas em outro lugar.

E eram choros, teria que deixar seu amor, a jovem Felipinha e sua mãe, Oh! Pobre como chorava, mas não tivera quem impedia o moço de mudar de ideia, dizia ele:

- Mainha, pelo amor de Deus me entenda, não existe apenas o motivo de ser de Deus a culpa das coisas acontecerem, afinal se essas tais coisas são coisas do capeta, o que esse infeliz tem nesse lugar.

-Meu filho eu num sei, só sei que é assim, deve ser alguma macumba ou um tal de mal agora, mas se tu for embora me volte com resposta, que “Padim Ciço” te ilumine e meu Frei Damião te guia.

E lá se foi o jovem tentando desvendar os mistérios que o perturbavam, mas não iria sem antes dá um cheiro bem gostoso na sua amada, e aquele amor os consumia parecia até incêndio em pleno meio dia.

Na cidade grande o pobre sofria a comida de sua mãe quentinha não mais existia, a roupa seca no varal era uma regalia, os prédios eram tão fechados que o jovem quase que derretia, o amor de sua amada só a distancia insistia.

O tempo passou e as respostas foram sendo resolvido, muito ele aprendia por que cozinhar em panela de barro se a tal da panela de pressão existia, sua experiência o deixou abismado em menos de trinta minutos a comida ali estava quentinha, e lá foi o tal curioso descobrir o que por trás daquilo havia e eis que a resposta de imediato que vinha:

A panela é fechada de maneira que o vapor d’água que se forma no seu interior, não se dissipa facilmente para o ambiente. Desta maneira, a pressão interna da panela aumenta, podendo chegar a 2atm. Nesta pressão a água ferve a uma temperatura aproximadamente igual a 120°C. Como a água atinge uma temperatura maior, os alimentos são cozidos com maior rapidez.

- Não se conformando apenas com isso, eis que as discussões e as perguntas novamente o assombravam:

- Por que a roupa seca no varal? Ou ainda o que faz com que naquela seca dos infernos umas gotas d’agua ,diretamente some, coisa do capeta num é, oxente! O capeta nunca que iria se preocupar com a gente.

Admirava-se ele, mas a curiosidade o instigava a responder, e lá vai o jovem curioso, em busca de mais perguntas e respostas pelo mundo e eis que em sua jornada encontrou mais uma resposta, ao observar a roupa secando no varal , se perguntava o que seria aquilo, e lá veio a resposta.

- A roupa seca porque há água entre as fibras do tecido, havendo uma passagem de fase. Isto é determinado pela pressão atmosférica, que ira determinar a velocidade de ocorrência ou não deste fenômeno. O vento, ou a melhor velocidade do ar sobre a superfície, acarreta uma menor pressão hidrodinâmica e quanto menor a pressão, mais rápida é a passagem de um líquido para vapor. Consequentemente, o vento gera aumento da evaporação.

Quem o respondera era um jovem rapaz, que assim como ele buscava respostas, das coisas que aconteciam em sua volta, seu nome era Felipôncio e andava o mundo vendo os fenômenos da química e da física, para ele não adiantava ler, ele tinha que conhecer, e assim o fez. Saindo dali de onde estavam Josevanilfo e seu atual amigo Felipôncio foram tomar um cafezinho, e lá vem em uma garrafa térmica o liquido preto que tanto queria e merecia.

-Ah!

Exclamou ele, o que é isso aqui, você me dá um café, me diz que é de ontem e “bicho” ainda “tá” quentinho, quentinho. Disso também quero saber, e eis que seu novo amigo responde:

- A estrutura interna de uma garrafa térmica é constituída por uma ampola de vidro com dupla parede espelhada entre as quais existe vácuo. Esse sistema reduz significativamente a troca de calor entre o líquido que está lá dentro e o meio externo, pois impede a troca de calor por irradiação - devido ao espelhamento -, por convecção - devido ao vácuo entre as paredes duplas - e por condução - já que o vidro é um mal condutor térmico. Assim, o líquido demora a esfriar se estiver quente e a esfriar se estiver frio.

- Oxete, exclamou Josevanilfo, mas isso tudo tem esse tal de calor no meio.

- Pois é,meu caro amigo. Ainda há muito que conhecer, e você ainda terão mais o que conviver ler, viver.

Josevanilfo admirou-se tanto com o novo amigo, que decidiu convida-lo para ir ao sertão:

-Vamos conhecer minha família e meu amor, a saudade que bate aqui no peito, parece até um liquidificador, é tanto amor que no peito que não me contenho e vou explodir.

E seu amigo agradecia o convite. Durante a viagem começou a observar certas coisas, um barulho estranho saia do carro em que os dois vinham, e aquele calor que aos incomodava, Josevanilfo dizia:

- Homem de Deus, que calor da “muslesta”, é coisa do capeta só pode ser, nem vou tocar em minha abelhinha, vai que é castigo e pro inferno eu irei, sem direito a uma regalia.

- Oh meu caro amigo que conversa fiada, o que acontece é que: Num dia muito ensolarado. A nossa temperatura interna ainda esta mais elevada, a gente passa a perder menos calor para o ambiente. Resultado: o organismo aciona alguns mecanismos para aumentar essa perda, como a produção de suor.

- Agora entende, mas mesmo assim, esse calor não para não, e ainda tem esse carro que do “canto num sai”, é um parara.... Ai que agonia.

O sol estava cada vez mais “quente” e a viagem longa. Parecia que chegar seria uma utopia, mas finalmente depois de muita espera o tal lugar chegou.

A saudade fora arrematada num abraço, a família os recebia com muita alegria, e seu amor finalmente o veria.Saiu então com seu amigo e foi até a casa de sua namorada, mal sabia que uma troca de olhares entre ela e seu amigo ali existia.

- Prazer em conhecer,

-Tudo bem com você, dizia ela.

O tal do Josefanildo, sentindo-se por fora, sai um pouco.

-Deixa eu ir ali , tomar um pouco de agua, o tempo passa e eis que uma situação o apavora.

- Que significa isso o dizia, e eis que o tal amigo o respondia:

- É uma coisa chamada Entropia.

- Oxente, pois nessa terra, isso não existe você me bota um par de chifres e ainda tem explicação cientifica.

Josefanildo corre atrás do homem e o tal amigo tão ofegante começa a responder:

- Calmo homem deixa eu te explicar a entropia nada mais é que A entropia de um sistema (S) é uma medida do seu grau de desorganização. Quanto maior a organização, menor a entropia. A entropia é uma característica do estado termodinâmico, assim como a energia interna, o volume e o número de mols.

Ambos cansados, de tanto correr com o suor que molhava todo o corpo Josefanildo que tinha um pau nas mãos para dar uma surra do amigo traidor, instigado pela curiosidade resolva dar uma trégua.

- Mas você é um cabra da peste, vem pra minha terra , me “corna ” e ainda quer me da explicação cientifica.

- Calma rapaz deixe de aperreio, sou teu amigo e vou te explicar, só fiz um bem a você. Repara nisso: Quando corremos, estamos suando ou seja:

- Mas era só que me faltava, não basta ser corno, ter que aguentar a “mangação” do povo, ainda tem explicação.

-Pois é caro amigo, para tudo há uma explicação, nem que tudo que você via era coisa do capeta, e o inferno nem a isso se compara, ficar com sua nega foi muito ”mara”, mas ver sua cara de corno uma piada.Isso que passamos hoje , chamamos de termodinâmica:

A termodinâmica estuda as relações entre o calor trocado e o trabalho realizado num processo físico, que envolve uma massa de gás e o meio externo, ou seja, o meio ambiente. Houve troca de calor na panela de pressão, na roupa estendida no varal, ao sentir calor quando víamos de lá para cá. Quando estávamos correndo, enfim... e o melhor pense no “fogo” da menina, a entropia, digo a você, foi a desorganização que toda essa historia teve , suas perguntas foram respondidas, minha seca foi acabada. Pense no sertão quente e na menina desaforada. Nossas moléculas estavam agitadas, mas ainda bem que acabou, vou da um cheiro naquela flor.

Josefanildo quase que não aguentava, e eis que ele dizia.

- Cabra da peste desaforado vou lhe mostrar o que é essa tal de entropia, vou lhe mostrar o que é calor... Você comece a correr, que sua farra acabou, vou lhe provar o que é essa tal de termodinâmica e você vai sentir na pele a troca de calor desse pau nas suas costas, corre desgraçado e coloque essas “fia da peste” para se mover, agitação do que for, abaixe esse fogo que a sua vida acabou.

- Mas não pode baixar calor, você sabia que eu não estaria com frio, mas com ausência de calor.

Mal acabou de falar e “pernas para que te quero” ... ele correndo e o povo gritando:

- Corre corno! Bate nele, filho da peste!

- Agora perca calor, eu vou te pegar... Sinta na pele suas teorias, filho da mãe.

Lá no cantinho, a menina refletia:

- Pobre do Jossefanildo, foi buscar respostas, e meu fogo não apagava, não é corno nem nada, só queria meu corpo na temperatura normal, se a transferência de calor com o tal amigo foi tão boa, não tenho culpa. Ser corno é consequência da mente, são coisas que colocaram na cabeça dele, que parece ser aquela tal de entropia, (desordenou o sistema), nem queria, mas é consequência. Queria saber o que era calor, descobriu pobre corno, pobre imbecil.

Conclusão

A visão a respeito da química na maioria das vezes é desvinculada da realidade tornando o ensino uma coisa mecânica e muitas vezes sem relação real com a realidade. A criação e desenvolvimento de uma crônica Torna assim a ciência não apenas mais uma disciplina estudada em uma sala de aula, mas a quebra de mitos e possibilidade de analisar além, do que se esta proposta.

Assim a crônica abre um leque de possibilidades para ir além do que se estuda e interpretar situações que envolvem de forma minuciosa a química, mas que se bem trabalhada eleva o nível de aprendizagem e desenvolvimento do aluno. Não apenas em beneficio próprio, mas em torno de uma educação que eleve o aluno, não apenas há uma máquina que acumula informação, mas em prol do desenvolvimento social, moral e científico. Que eleve o país há um grau de desenvolvimento na educação de forma real e que beneficia a sociedade como um todo.

aiciral
Enviado por aiciral em 14/11/2013
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