A subjetividade das aparências
Era uma quarta-feira, dia de minha folga.
Estava um lindo dia! E o Sol fraco de inverno aquecia a brisa que pairava naquela manhã.
Tomei o meu café matinal, fiz uma leitura de um texto da faculdade, e como eu havia de pagar umas contas, me preparei para sair. Resolvi caminhar até a agência bancária, não que eu queria economizar gasolina, mas por causa do dia que estava propício e o tempo que havia de sobra.
Ainda na saída de casa, resolvi “flaneur” – que segundo Charles Baudelaire, é sair pela cidade a fim de experimentá-la.
Ao caminho comecei a observar as pessoas, o jeito de se vestirem e seus comportamentos.
A primeira “cobaia” estava passando ao lado oposto da rua ao qual me encontrava. Era uma adolescente. Usava saia, blusa e botas pretas e seus cabelos estavam tingidos de vermelho.
Claro! Só pode ser rockeira! – Pensei. Me arrisquei em até adivinhar a música que estava ouvindo, pois estava com fones no ouvido. – Só poderia estar curtindo um have metal.
Logo a minha frente, vindo em minha direção, estavam quatro rapazes, dois vestiam camisetas e os outros dois preferiram expor as costelas, mas os bonés nas cabeças e as bermudas quase caindo, aparecendo às cuecas eram comuns.
Mais uma vez arrisquei-me! – São funkeiros! Apesar de não estarem ouvindo qualquer tipo de música, concluí mesmo assim!
Agora o que mais me chamou a atenção foi a de um casal que saía de uma lanchonete próxima ao centro comercial.
Os dois estavam muito bem vestidos! Todos sociais! Ele, um homem branco e alto, usava um terno preto e gravata vermelha, carregava em uma das mãos uma bonita pasta social, parecendo couro de jacaré. – Muito chic!
A mulher, morena e altura mediana, usava um conjunto branco, cabelos bem feitos, algumas joias douradas a ornamentava. Provavelmente seria tudo em ouro. – Pensei! Também Uma bolsa de couro marrom de marca famosa, realçava com sua roupa.
Recomecei minha pesquisa imaginando suas posições sócias e profissionais. Achei que poderiam ser gerentes de alguma agência bancária, empresários ou políticos. Mais adiante, entraram em um estacionamento. – Bem, pelo menos a posição social do casal eu poderia concluir ao sair de carro.
Então parei! Fiquei a espera, ansioso pela minha resposta. E comecei a imaginar qual seria o carro que iriam sair. Sem sombras de dúvidas sairiam em algum carro importado ou nacional de luxo. – Mais uma vez pensei!
Mas... como diz o famoso ditado popular, “As aparências enganam”.
O desfecho desse episódio abalou os meus prés-conceitos em relação ao outro.
Quase não acreditei!
Os dois indivíduos saíram do estacionamento em um carro ultrapassado, sem brilho por causa da poeira que o cobria e alguns resíduos de lama e em seu para brisa trazeiro estava um adesivo escrito ‘SOU DIZIMISTA”.
Pronto! Agora conflitei mais ainda com os meus pensamentos. Não poderia mais julgá-los que seriam evangélicos por causa do adesivo, pois assim como a roupa me enganou, o carro em que estavam também poderia ser de outra pessoa.
Percebi através desse episódio, que eu poderia ter me enganado de tudo que eu havia pensado da adolescente e dos rapazes.
Concluí que, julgamos o tempo todo as pessoas pelas suas aparências. Isto acontece, não porque somos ignorantes ou injustos, mas por causa dos estereótipos que a sociedade capitalista criou. Portanto, Taprendi que devemos criar os nossos próprios conceitos, e adquirir um olhar mais amplo de ver o mundo e as pessoas em nossa volta.
Charle Lima