Andréia - Lembranças do Pai

Era domingo, um dia ensolarado de fim de verão. Andréia acabava de acordar, foi até a varanda de sua modesta casa.

A casa que elas moravam era de madeira, sem pintar, envelhecida pelo tempo. O chão refletia os moveis antigos que foram da avó de Andréia, e foram deixados para seu pai, quando ele e Helena mudaram-se para a colônia.

Tudo era muito bem organizado, e a decoração rústica do interior dava um ar nostálgico para a casa. Havia uma varandinha, com cerca de madeira, onde a família gostava de se reunir nos finais de tarde, e ficarem conversando. Aliás, era a melhor parte do dia, vez ou outra, pegavam uma manga, colhida direto do pé, e comiam, enquanto riam das situações do dia.

Andréia foi até a varandinha e da lá viu o pé de caqui há havia lá nos fundos de sua casa, que nesta época estava carregado de frutas, não tinha como não se lembrar do seu pai e das várias vezes que ambos subiram no pé, e lá ficaram, por horas, conversando e observando a natureza ao redor de ambos.

Carlos, era um homem simples, adorava a lida do campo, trabalhava muito, fora com ele que Andréia havia aprendido muitas coisas sobre os animais e a natureza e principalmente sobre a vida.

Sempre que era época de caqui, eles iam até aquele pé, que ficava no alto de um morrinho, perto dos estábulos e da estrebaria. Era uma árvore majestosa, que impressionava pela quantidade de frutas que dava. Atraía nessa época muitos passarinhos, que lá no alto, procuravam as frutas mais maduras.

Carlos, também tinha uma habilidade incrível em encontrar as frutas mais doces do pé. Depois de subirem, sentavam num galho que parecia ter sido desenhado para eles, pois tinha o formato de um confortável banco, sentavam e pareciam acolhidos pela árvore.

Lá em cima, enquanto comiam as frutas, Andréia ficava hipnotizada pelas histórias do pai, que tinha orgulho em contar, da época em que era o Capataz de uma grande fazenda. Ele era especialista em domar cavalos.

Andréia admirava a valentia do pai, principalmente quando ele contava das muitas vezes que ele pegava um cavalo e saía montado no bicho, brigando e galopeando, por horas, até estarem ambos exaustos, e só parava quando conseguia a confiança do animal, de tal modo que o mesmo começasse a obedecer aos seus comandos.

Diziam que não havia domador melhor do que o Carlos, que ele entendia a alma rebelde dos animais, e que não os domava pelo medo e sim pelo respeito que acabava impondo.

Com as histórias de Carlos, Andréia aprenderá que só obtemos resultados depois de muito lutarmos, que devemos buscar nosso caminho respeitando a todos, e que não é pela força que obtemos resultados e sim pela persistência.

Neste momento Andréia sentiu o coração apertado da saudade que sentia de seu pai, e não entendia porque a vida tinha que ser assim, porque foram separados tão cedo. Não era justo com ela e muito menos com sua mãe.

Seus pensamentos e suas lembranças foram interrompidos pela voz de Helena, que chamava Andréia para tomar o café. Pois logo mais ambas iriam para a festa que tinha na colônia.

Andréia não estava interessada na tal festa, mais via que por parte da mãe, havia muito entusiasmo para participar.

Gordinha Caliente
Enviado por Gordinha Caliente em 12/11/2013
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