Monólogo de Impressões!
Ela estava ali. Pálida. Encarava-me de uma maneira gelada e sua nudez arrepiava minha espinha dorsal. Eu sabia que deveria dizer algo. Uma palavra qualquer. Uma frase estúpida que anulasse o vazio que ela refletia. Mas não, nem mesmo eu me contentaria com uma frase estúpida. Eu queria preenchê-la com o que quer que houvesse de sublime em mim. Mas as palavras, as malditas palavras, sucumbiam. Por alguns segundos, eu repetidamente tinha a sensação de que elas chegavam até a minha boca e sem querer eu as ia engolindo, pesadas e angustiantes, para dentro do meu estômago que se retorcia com o acúmulo de letras tortas. Ela, impiedosa e claramente esperando de mim uma resposta pro seu olhar questionador, fixava sua brancura inquieta nas minhas retinas e me deixava refém de um sentimento insensato de falência múltipla dos dizeres. Enquanto eu me tomava de uma completa falta de inspiração, ela, a folha em branco, me implorava por uma história.
Ai de nós sem desatar os nós. Mente insana, coração em chama e nada vem. As palavras todas se contêm.