Andréia

Andréia era uma menina linda, meiga, inteligente e muito divertida.

Era filha única da Helena, nascida no interior do Estado de Santa Catarina, ela e sua mãe, vivam numa colônia de agricultores, próximo a cidade de Corupá.

Fora criada no mato, e gostava muito da natureza, quando criança, trabalhava na roça, ajudando os pais.

Perderá seu pai, cedo, quando tinha apenas, 7 anos. Época difícil, onde tiveram que aprender a se virar apenas ela e a mãe Helena.

Helena, era uma mulher admirável, trabalhadora, honesta, e ótima mãe. Procurava dar a Andréia a melhor educação, baseada na bondade, respeito e honestidade.

Era também uma bela mulher, alta, olhos claros da cor de mel, porém que mudavam conforme o sol os iluminava, cabelos castanhos e belas pernas, torneadas pelo trabalho duro no campo. Apesar de ser descendente de alemães, tinha uma beleza única, que não dava para explicar o porquê, parecia algo que vinha de dentro, da sua força interior.

Quando ficou viúva, logo apareceram vários pretendentes, porém, ela não queria e não conseguia esquecer o esposo que tanto amava.

Andréia, era uma menina doce, adorava brincar em meio à natureza, e observar as mudanças e maravilhas que aconteciam ao seu redor. Brincava com as borboletas, com os pássaros e pequenos animais que encontrava no caminho para a roça. Na hora do café, quando estava na roça, sempre deixa um pedaço de pão, ou de fruta, sobre uma pedra, para depois ver os passarinhos comerem.

Voava e nadava em sua imaginação, e apesar da vida difícil, andava sempre com o sorriso em seu rosto.

Andréia era gordinha, havia herdado do pai a facilidade de engordar, e adorava as guloseimas que a mãe fazia para comerem.

Tinha os olhos azuis, mais tão azuis que ás vezes se confundiam com a imensidão do céu. Sua pele era clara, porém bronzeada devido à exposição ao sol, e seus cabelos bem branquinhos, que até parecia cabelos de anjo.

Tinha um amor para com a natureza muito grande, respeitava cada animalzinho, cada vida, que crescia ao seu redor.

A menina estava em idade escolar, e então sua mãe, matriculou-a na escola da colônia.

Já no primeiro dia de aula, Andréia teve dificuldades de entrosamento com as outras crianças. Ela era muito tímida, e ficou de fora do grupinho de amigas.

As meninas mesmo do interior, sabiam ser malvadas quando queriam. Não que isso fosse da natureza delas, mais eram influenciadas pela educação que recebiam em casa.

Todas olhavam para Andreia, e riam de sua aparência, coitada da menina, se sentia como um pintinho sem a asa da mãe para se aconchegar e confortar.

“Como você é gorda!”, “Como suas roupas são feias”, “Como você é esquisita”, falavam elas em tom de deboche.

A vontade da pequena menina era de nunca mais voltar para aquele lugar, onde as crianças eram tão amargas e perversas. Andréia apenas lembrava-se do quanto preferia estar com sua mãe, trabalhando na roça, com seus animaizinhos, com aquele mundo que ela achava perfeito para si.

Chegou em casa e falou para a mãe que não queria mais voltar para a escola, que lá as crianças era malvadas e que não gostavam de brincar com ela.

Helena, com sua calma e serenidade explicou para a filha, que muitas vezes na vida ela iria se deparar com situações difíceis, que ela gostaria de não enfrentar, mais que apenas as pessoas fortes, eram capazes de enfrentar as dificuldades, e encontrar em meio as adversidades uma saída.

Explicou que não devemos dar importância para o que os outros falam, e colocou a menina em frente ao espelho. Arrumou o cabelo da pequenina, fazendo uma bela trança, e pediu para a menina dizer o que via.

- Eu e você mãe! Exclamou a menina.

- E o que mais você vê meu bem?

- Você arrumou meu cabelo e acho que ele está lindo assim! Gosto quando você arruma meus cabelos.

Ela falou que as meninas da escola haviam lhe chamado de gorda, e então Helena mandou Andréia olhar bem para a sua imagem no espelho.

- Olhe para você minha filha e me diga o que você vê?

- Mãe eu sou gorda eu sei! Disse ela.

- Mais você se acha feia por isso minha filha?

- Na escola enquanto elas falavam isso, me senti mal, me senti feia e fiquei triste. Mais agora, aqui com você mamãe, não me sinto nem feia e muito menos triste.

- Andréia minha filha, olhe para os seus olhos? São os olhos mais lindos que eu já vi em minha vida, expressam pureza, alegria, liberdade, a liberdade que você sente quando está aqui, em meio à bicharada.

- Não conheço ninguém que tenha uns olhos tão lindos como o seu, nem uma pele tão bonita e muito menos um cabelo como o seu.

Minha filha não acredite em tudo o que as outras pessoas falam sobre você, acredite sim no que você sabe que É!

Sei que temos muitas dificuldades desde o dia que seu pai morreu. Nunca nos sobra muito dinheiro para comprarmos roupas bonitas, e nem eu posso te dar tudo o que eu gostaria. Mais minha filha, sempre te apoiarei e te darei todo o amor desse mundo.

Helena deu um abraço apertado e confortou a filha, que disse que não desistiria da escola, e que não daria mais atenção para o que as outras meninas falavam.

Mesmo sem entender direito Andréia tinha aprendido uma valiosa lição nesse dia, a de confiar em si mesma, e de enfrentar a vida mesmo ela se mostrando difícil. Que tudo na vida vale à pena, e devemos dar maior ênfase para o que temos de bom e bonito.

Gordinha Caliente
Enviado por Gordinha Caliente em 11/11/2013
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