O Homem Bicho e o Bicho Homem

O HOMEM BICHO E O BICHO HOMEM

Tem homem que é bicho e bicho que é homem. A diferença entre o homem e o bicho, é o uso da razão. O homem é racional e o bicho irracional. Mas tem homem que ladra e não morde. Que trabalha como burro. Que mora em gaiola. Que quer cantar de galo. Que é manso como gato. Que tem jeito de veado. Que tem chifre como boi. Que é rápido como a lebre. Que é valente como leão. Que tem instinto selvagem. E que é livre como pássaro.

Tem bicho fiel ao homem e que entende frase e objeto direto (Cachorro). Tem bicho que fala como gente. (Papagaio). Tem bicho que vive organizado em grupo (Elefantes). Tem bicho que tem certo grau de inteligência. (Golfinhos)

O homem tem uma característica peculiar de ser afetivo e sentimental. Sua inteligência é múltipla. O homem tem espírito e alma. Coisas que bicho não têm.

O homem é frágil. Difícil de adaptar-se ao seu próprio ambiente. Adoece mais que qualquer animal. Cansa-se e fere-se com facilidade. E tem menos vigor que certos bichos como o orangotango que se casa aos sete ou oito anos de idade, constrói uma família de setenta ou oitenta filhos e tem vida saudável até aos oitenta anos.

O homem é frágil porque é desprovido de casco, de rabo, de barbatana para defender-se das moscas, dos insetos e proteger-se do frio. Daí necessitar cobrir o corpo com vestes. O homem como peça de mecanismo tem péssima qualidade. Transporta os piores rins, os piores pulmões e o pior coração. Seus olhos considerando o trabalho que é obrigado a desempenhar são menos eficientes do que o olho de uma minhoca.

O bicho segue seu caminho, seu destino, seu rumo, com segurança, pois possuem instintos especiais. O homem por sua vez arrisca a sua vida por ideais religiosos, políticos e humanistas. Não lhe basta apenas sobreviver. Têm ideais e os persegue a qualquer preço a qualquer custo.

O homem não quer ser bicho. Mas se ele não evolui, não cresce na convivência, não se adapta a certas regras, não se rende a mudança, ele é o tal “bicho do mato”. Homem não quer ser cachorro, não quer ser burro ou cavalo, mas seu lado animalesco se deixa transparecer no momento informal quando eles se cumprimentam com muita camaradagem.

Oi, bicho!

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 20/04/2007
Reeditado em 20/05/2020
Código do texto: T456596
Classificação de conteúdo: seguro