As crônicas de um conto
Contam-se por ai que a meia noite a Matinta Perera vem buscar fumo e que enquanto não consegue, pertuba a todos a noite inteira
Que o Saci é um menino levado, que protege a mata e assusta os caçadores com seu cavalo alado
Que a Iara e é uma moça faceira, metade mulher e outra sereia
Que o bicho papão aparece apenas para as criança que choram e vive aos resmungão
Quem comete pecado, quando morre vai direto para o inferno, virando um espeto queimado
E quem é bonzinho, cria asas, parecendo um anjinho
Que nada na vida nada se perde, nem bens ou pé de moleque
E que a ocasião, é quem faz o ladrão,
Que a mentira tem perna curta, mas que corre rápido porque ninguém lhe segura
Que a praga é dividida, e que ninguém paga sozinho nesta vida
Que de grão em grão, ficamos ricos que nem o alemão
Que segunda é o dia da preguiça, mas ela nos acompanha no domingo, até na missa
Que mulher com mulher... vira jacaré, coitada da Maria João e Maria José
E que o boto é história de pescador, mas ele engravida da Maria até a Leonor.
Que não devemos apontar o dedo para as estrelas, porque ficaremos sem eles uma vida inteira
Que o Noel é um velhinho bacana, se depender dele nenhuma criança fica sem lembrança
Que o lobo é mau, mas são os bonzinhos que lhe dão uma surra no final
Que moça bonita não paga, apenas se pega
Conta-se que o povo é solidário, mas temos tantos irmãos morrendo solitário
E conta-se de tudo ou quase nada, contos que acreditamos como uma história mal contada