Uma noite paulistana.
Desembarco novamente em São Paulo, atravesso as ruas_vazias o vento me corta, me dói a carne, salto os mendigos nas calçadas para chegar a mesma pensão de sempre. a Luz não dorme mesmo escura com a janela aberta sobe o cheiro de borracha queimada. Deitado eu penso que não é hora de deitar, muito menos de dormir. É preciso sair, eu preciso ganhar as ruas, preciso correr.
Paro em um bar eu peço um omelete (mesmo sem gostar de ovo) e uma Serra Malte, olho o relógio sem prestar atenção na hora que ele marca, enquanto um garoto cai no chão bêbado. Ainda é cedo demais pra já estar assim. Eu subo a Augusta com uma Maria da Cruz paro em frente ao Safra e espero (mas eu espero ninguém), poderia encontrar qualquer mulher, contanto que fosse você, pararia em qualquer bar, contanto que fosse naquele nosso. Não me importaria de forma alguma de ouvir você me contar todas as histórias que eu sei de cor.
Aqui é um bom lugar para eu me perder, eu desço e subo a Augusta, entro e saio dos bares e eles se fecham pra mim. Encontrei elas que não você e nenhum dos bares era aquele. Essa sim é a hora de deitar e ja passou um bocado da hora de dormir.
De volta subo as escadas para o quarto, lembro que nem parei pra olhar o céu nessa noite, será que estava minguante ou crescente? Eu nunca sei a diferença entre as duas, eu sempre chuto. Deitado eu observo a janela, dela eu só vejo prédios e mais prédios. Ainda que de longe dou um oi pra solidão antes de dormir. E durmo.