CRÉDITO OU DÉBITO?

CRÉDITO OU DÉBITO?

Minas Gerais mais uma vez sai na frente em termos de empreendedorismo. Depois de promover o concurso Miss Prostituta 2013 e de organizar cursos de inglês para suas filiadas (“Yes, we can”), a APROSMIG (Associação de Prostitutas de Minas Gerais) acaba de firmar convênio com a Caixa Econômica Federal, que reconhece as profissionais do sexo como autônomas, fornecendo-lhes cartão de crédito e débito para facilitar suas transações com os clientes, inclusive com pagamento parcelado.

Tudo muito simples e prático. As garotas de programa (agora microempreendedoras, com CNPJ), aderem ao programa da Caixa, que lhes fornece também cheque especial e capital de giro. Com possibilidade de se beneficiarem da previdência social: aposentadoria, auxílio doença, auxílio reclusão e salário maternidade.

Essa conquista elimina o cafetão, garante o futuro das garotas e dá mais segurança ao cliente, que não precisa carregar dinheiro no bolso ou escondê-lo na cueca, argumenta a presidente da associação, Cida Vieira. Mulher de iniciativa e imaginação. Tanto, que ela já bolou um slogan para divulgar a novidade: “goze agora e pague depois.” Uma engenhosa adaptação do “relaxa e goza” com que uma ministra de estado supliciou os brasileiros em 2007.

Mocinha criativa, ela. Está de olho no público interno e nos turistas estrangeiros que vão inundar este país o ano que vem. Se trabalhasse na Esplanada dos Ministérios faria melhor papel que muitas excelências que obram por lá. Moralismo à parte, ela sabe que o dinheiro não tem cheiro (non olet) e que, para fins tributários, pouco importa a sua origem (art. 128 do CTN). Antes o cartão de crédito do que o cartão bolsa família, para lembrar o caso do homem que tentou pagar uma prostituta e o motel, na Bahia, com este último.

Concorde ou não o leitor com tal arranjo, uma coisa é certa: agora ninguém segura essas meninas. Uma nova conjuração mineira está em curso, contra a derrama do ouro no cofre dos intermediários e proxenetas. Com o dinheiro de plástico nas mãos e crédito no banco, as inconfidentes do século XXI, de programa em programa, poderão acumular pontos em programas de milhagens, desbravar o mundo, entrar em qualquer loja de grife e gozar (o verbo as persegue) as delícias do consumismo. Até chegar o dia de fazer declaração de renda. Aí vão perceber que, muito possivelmente, trocaram seis por meia dúzia. Vão descobrir que têm um novo gigolô, com cara e apetite de leão.

Também terão contra si o código do consumidor (propaganda enganosa e serviço incompleto, por exemplo). Porque o cliente inconformado poderá reclamar no PROCON: “satisfação garantida ou seu dinheiro de volta”, uai.

Pereirinha
Enviado por Pereirinha em 08/11/2013
Reeditado em 15/11/2013
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