SOU O HOMEM DA CASA
Foi há dois anos e alguns meses atrás, sua chegada coincidiu com o meu dia de plantão voluntário.
No colo da mãe, Pedrinho era o retrato da dor. Um câncer agressivo, lhe ameaçava a vida.
O prognóstico, não era nada alentador. E a cirurgia foi marcada para dali há uma semana, havia necessidade de exames antes da intervenção.
Sentei-me, ao lado de sua cama, e segurei as lágrimas diante de um quadro de tanto sofrimento. Duas enfermeiras cuidavam dele. O bracinho mirrado, em nada lembrava o de um menino de sete anos.
Não demorou, para que eu percebesse, que estava diante de um valente guerreiro, não emitiu nem um pio, diante das agulhas que insistiam em achar um caminho para passar o soro e os medicamentos.
Olhei a mãe, outra guerreira. Afastada um pouco do leito, para dar espaço as enfermeiras, ela mantinha os olhos pregados no filho.
Quuando o pequeno quarto esvaziou, comecei a conversar com o menino e sua mãe. E percebi que estava certa, nos sentimentos que tive. Estava diante de dois fervorosos lutadores.
No meio da conversa, no alto de seus sete anos, o valente menininho, me disse: "Sei, que estou muito doente, mas vou sarar. Minha mãe, sempre fala que sou o homem da casa, ela conta comigo".
Meus olhos buscaram os da mãe. Emocionada, ela fez que sim, com a cabeça, e conseguiu acrescentar: "ele é um homenzinho valente, e não vai desistir dessa luta, ele sabe que preciso dele".
Na semana seguinte, Pedrinho ficou muitas horas na mesa de cirurgia, infelizmente, a doença avançara muito, e sua perna esquerda teve que ser amputada, logo acima do joelho.
Encontrei sua mãe, na sala reservada a meditação, e preces que o hospital mantém. Ela, já fora informada pelos médicos, do resultado da intervenção.
Conformada em sua fé, falou: "A gente vive sem uma perna, ele é valente, vai se curar".
Fiquei pensando na fé imensa daquela mulher e de seu filho. Pobres, muito pobres de recursos materias, ainda bem que puderam contar com aquele maravilhoso hospital que é referência nacional, e é mantido por uma Ong.
Refleti, que a carência material daquela mãe e filho, era compensada largamente pela união, fé, esperança, que cultivavam.
Ontem, dois anos e alguns meses, após, a chegada de Pedrinho, ao hospital, depois de mais duas cirurgias, além daquela que lhe roubou a perna esquerda, e oito internações para tratar de intercorrências, ele foi dado como curado. Finalmente teve alta. Necessitando somente voltar ao hospital, uma vez ao ano, para controle.
Na saída, o pequeno guerreiro, olhou-me, e disse: "tia, não disse, que eu ia me curar? sou o homem da casa, minha mãe precisa de mim".
Sem nada dizer, abracei-o, com carinho e emoção.
(imagem: Lenapena)
Foi há dois anos e alguns meses atrás, sua chegada coincidiu com o meu dia de plantão voluntário.
No colo da mãe, Pedrinho era o retrato da dor. Um câncer agressivo, lhe ameaçava a vida.
O prognóstico, não era nada alentador. E a cirurgia foi marcada para dali há uma semana, havia necessidade de exames antes da intervenção.
Sentei-me, ao lado de sua cama, e segurei as lágrimas diante de um quadro de tanto sofrimento. Duas enfermeiras cuidavam dele. O bracinho mirrado, em nada lembrava o de um menino de sete anos.
Não demorou, para que eu percebesse, que estava diante de um valente guerreiro, não emitiu nem um pio, diante das agulhas que insistiam em achar um caminho para passar o soro e os medicamentos.
Olhei a mãe, outra guerreira. Afastada um pouco do leito, para dar espaço as enfermeiras, ela mantinha os olhos pregados no filho.
Quuando o pequeno quarto esvaziou, comecei a conversar com o menino e sua mãe. E percebi que estava certa, nos sentimentos que tive. Estava diante de dois fervorosos lutadores.
No meio da conversa, no alto de seus sete anos, o valente menininho, me disse: "Sei, que estou muito doente, mas vou sarar. Minha mãe, sempre fala que sou o homem da casa, ela conta comigo".
Meus olhos buscaram os da mãe. Emocionada, ela fez que sim, com a cabeça, e conseguiu acrescentar: "ele é um homenzinho valente, e não vai desistir dessa luta, ele sabe que preciso dele".
Na semana seguinte, Pedrinho ficou muitas horas na mesa de cirurgia, infelizmente, a doença avançara muito, e sua perna esquerda teve que ser amputada, logo acima do joelho.
Encontrei sua mãe, na sala reservada a meditação, e preces que o hospital mantém. Ela, já fora informada pelos médicos, do resultado da intervenção.
Conformada em sua fé, falou: "A gente vive sem uma perna, ele é valente, vai se curar".
Fiquei pensando na fé imensa daquela mulher e de seu filho. Pobres, muito pobres de recursos materias, ainda bem que puderam contar com aquele maravilhoso hospital que é referência nacional, e é mantido por uma Ong.
Refleti, que a carência material daquela mãe e filho, era compensada largamente pela união, fé, esperança, que cultivavam.
Ontem, dois anos e alguns meses, após, a chegada de Pedrinho, ao hospital, depois de mais duas cirurgias, além daquela que lhe roubou a perna esquerda, e oito internações para tratar de intercorrências, ele foi dado como curado. Finalmente teve alta. Necessitando somente voltar ao hospital, uma vez ao ano, para controle.
Na saída, o pequeno guerreiro, olhou-me, e disse: "tia, não disse, que eu ia me curar? sou o homem da casa, minha mãe precisa de mim".
Sem nada dizer, abracei-o, com carinho e emoção.
(imagem: Lenapena)