PSICÓLOGO SEM PSICOLOGIA
Ontem foi o dia de conhecer o meu novo psicólogo. Levantei com a certeza de que ele poderia me ajudar.
Na hora de sair, tudo estava dando errado, manchei minha calça predileta e isso não era um bom sinal. Mesmo assim, respirei fundo e fui ao encontro dele.
Chegando ao consultório, encontrei com minha mãe e nos sentamos para aguardar. Era um local apertado mais ao mesmo tempo aconchegante. Para me distrair conversei, tentei ler diversas vezes uma palavra do livro que carrego na bolsa, sentava e levantava, e nada, o psicólogo não me chamava.
Com cinco minutos de atraso, ouço uma voz masculina, e quando olho para cima, vejo um homem, bem vestido, porém com os sapatos um pouco sujos (pra mim é desleixo), tudo bem, pode ser por causa da chuva. Ele me chama para entrar e me convida a sentar.
Depois de 40 minutos conversando, ou melhor, eu falando e ele moldando as minhas palavras nos padrões psicológicos, ele me diz: "Por hoje é só. Como chama sua mãe, vou mandá-la entrar? (para acertar a conta, é claro!)".
Depois do pagamento, ele enche minha bolsa com seus cartões, e, sem acanho, me dá o telefone de um psicólogo, amigo dele, pois se mostrou incapaz de pegar o meu caso, um caso difícil, mas não impossível, para quem se diz profissional. E no final, depois da mancada que deu, pergunta: "Quer chocolate?!"
Saio do consultório com a seguinte conclusão: ''O chocolate se tornou apaziguador de incompetência’’, eu precisava de ajuda psicológica e procurei um psicólogo (quer dizer, encontrei um homem formado em psicologia), se precisasse de chocolate, procuraria nas prateleiras do supermercado.