O VESTIDO
Ele, não está puído. Tem resistido ao tempo.
Creio que, há muito, deixou de ser só uma vestimenta, e incorporou o amor com que foi costurado, e bordado.
Há nele, uma energia especial. Nem sua cor desbotou.
Quando o toco, faço uma viagem especial pelo túnel secreto do tempo.
Às vezes o retrocesso é tão intenso, que me vejo pequenina, sendo embalada com ternura, por Ela. Não movo nem um músculo, respiração suspensa, para poder ouvir as batidas amorosas do coração Dela.
Nessas viagens, a revejo, colocando-me ao berço, e indo em direção a caixa de costura. Meus olhos, não a perdem de vista, parece que cada célula do meu corpo, sabe que nossa convivência será breve, somente na contagem do tempo, pois em sentimento, são laços que atravessam eras e dimensões.
Ela senta-se, em uma cadeira ao lado do meu berço, devagar, abre a caixa de costura, de lá tira um tecido delicado e rosado. Coloca com facilidade o fino fio de seda cor de rosa, na quase transparente agulha, e com mãos de fada, começa a bordar.
Em cada ponto, deposita uma gota do amor imenso, que nutre por mim.
Em um domingo de sol frio de outono, a vestimenta está pronta, sobre a cama, ela reina, parece o traje de uma pequena princesa.
Ela, me banha na grande bacia de alumínio que brilha de tão limpa. A água é morna, e sua mão a derrama devagar sobre minha cabeça, quase sem cabelos, há magia no seu toque. A magia que só o amor consegue oferecer.
Depois de me secar, com uma toalha macia, eu, que não desprego os meus olhos dos olhos dela, vejo os Dela brilhar de contentamento.
É visível o amor que Ela sente por mim.
Em cima da cama o vestidinho, que levou dias e dias para ser confeccionado, espera.
Com a felicidade estampada em sua alma, Ela o pega, e cantando conhecida cantiga, o veste em mim.
Meu pequenino corpo se arrepia enquanto minha alma se expande de emoção, ao toque do delicado vestido cor de rosa.
Estou pronta, e linda. Assim Ela me vê.
Na capela da pequena e pacata vila, Ela chega comigo em seus braços, parece que retém o seu mais precioso tesouro. E só o solta, para depositá-lo, nos braços de sua mãe, (minha vó) que foi escolhida para ser minha madrinha de batismo.
No outro dia, Ela lava o vestinho com sabonete, o estende para secar ao sol, e ele brilha alegre, balançando ao vento. Mais tarde, o passa com cuidado, e antes de guardá-lo, envolvido em um pano alvo, ela coloca junto dele, um saquinho contendo petálas de rosas secas.
Ele resistiu ao tempo. Creio que, por ter sido costurado e bordado, com os fios do imenso amor que Ela sente por mim.
(Imagem: Lenapena- O vestidinho da foto, tem mais de 60 anos, usei-o no dia do meu batizado)
Ele, não está puído. Tem resistido ao tempo.
Creio que, há muito, deixou de ser só uma vestimenta, e incorporou o amor com que foi costurado, e bordado.
Há nele, uma energia especial. Nem sua cor desbotou.
Quando o toco, faço uma viagem especial pelo túnel secreto do tempo.
Às vezes o retrocesso é tão intenso, que me vejo pequenina, sendo embalada com ternura, por Ela. Não movo nem um músculo, respiração suspensa, para poder ouvir as batidas amorosas do coração Dela.
Nessas viagens, a revejo, colocando-me ao berço, e indo em direção a caixa de costura. Meus olhos, não a perdem de vista, parece que cada célula do meu corpo, sabe que nossa convivência será breve, somente na contagem do tempo, pois em sentimento, são laços que atravessam eras e dimensões.
Ela senta-se, em uma cadeira ao lado do meu berço, devagar, abre a caixa de costura, de lá tira um tecido delicado e rosado. Coloca com facilidade o fino fio de seda cor de rosa, na quase transparente agulha, e com mãos de fada, começa a bordar.
Em cada ponto, deposita uma gota do amor imenso, que nutre por mim.
Em um domingo de sol frio de outono, a vestimenta está pronta, sobre a cama, ela reina, parece o traje de uma pequena princesa.
Ela, me banha na grande bacia de alumínio que brilha de tão limpa. A água é morna, e sua mão a derrama devagar sobre minha cabeça, quase sem cabelos, há magia no seu toque. A magia que só o amor consegue oferecer.
Depois de me secar, com uma toalha macia, eu, que não desprego os meus olhos dos olhos dela, vejo os Dela brilhar de contentamento.
É visível o amor que Ela sente por mim.
Em cima da cama o vestidinho, que levou dias e dias para ser confeccionado, espera.
Com a felicidade estampada em sua alma, Ela o pega, e cantando conhecida cantiga, o veste em mim.
Meu pequenino corpo se arrepia enquanto minha alma se expande de emoção, ao toque do delicado vestido cor de rosa.
Estou pronta, e linda. Assim Ela me vê.
Na capela da pequena e pacata vila, Ela chega comigo em seus braços, parece que retém o seu mais precioso tesouro. E só o solta, para depositá-lo, nos braços de sua mãe, (minha vó) que foi escolhida para ser minha madrinha de batismo.
No outro dia, Ela lava o vestinho com sabonete, o estende para secar ao sol, e ele brilha alegre, balançando ao vento. Mais tarde, o passa com cuidado, e antes de guardá-lo, envolvido em um pano alvo, ela coloca junto dele, um saquinho contendo petálas de rosas secas.
Ele resistiu ao tempo. Creio que, por ter sido costurado e bordado, com os fios do imenso amor que Ela sente por mim.
(Imagem: Lenapena- O vestidinho da foto, tem mais de 60 anos, usei-o no dia do meu batizado)