The Voice [quase] Brasil!!!
Nesse 5 de novembro, dia Nacional da Cultura Brasileira, estive refletindo com os meus alunos sobre a característica simples e ao mesmo tempo complexa da cultura, sendo assim, torna-se difícil conceituá-la, visto que ela (a cultura) é super, mega, ultra, hiper, master... que mais?! Brincadeirinhas a parte, definitivamente a cultura nasce do povo e pertence ao povo e as suas várias relações e representações subjetivas, por isso é ampla e cheia de significados outros. Enfim, o fato é que pouco importa se não consigo definir a cultura. Entendo que o mais importante mesmo é tê-la consciente em nossos sentidos, identidade e jeito de ser, falar, dançar, rezar e por aí vai...
Digo isso, pensando no fenômeno da globalização, que chegou tomando tudo de todos e depois igualando. Desapropriou terras, violentou memórias e deturpou o sentido de territorialidade. Pertencemos a todo lugar; ao mesmo tempo em que todo lugar habita em nós. Será mesmo?! Tenho minhas dúvidas... Perdi, faz pouco tempo, a minha ingenuidade e já não sei ao certo se sinto alívio ou saudosismo. Mas, tudo bem! Voltemos ao assunto que nos trouxe aqui: a Cultura.
Pois, é... Está sendo exibido pela Rede Globo à nova temporada do show de talentos brasileiro ‘The Voice Brasil’, na verdade trata-se de uma versão brasileira (nada contextualizada) do formato original holandês (The Voice of Holland). A não ser pelos exuberantes, falantes, felizes, supimpas, extraordinários e colossais artistas brazilians Carlinhos Brown, Claudia Leitte, Daniel e Lulu Santos. Eles são tão “Brazilian Day New York” que até parecem americanos. De todo modo, qualquer semelhança é mera coincidência. E olha que corre por boca pequena que a Negalora mais baiana, tem sido criticada por "imitar" performances dos colegas gringos do ‘The Voice Americano’.
Onde quero chegar?
Vamos lá!
Quero minha cultura sendo festeja naquele palco. Quero que esses artistas consagrados e consolidados aqui no Brasil, respeitem a minha língua cantada. Que não titubeiem quando escuta um artista aspirante cantar o que há de melhor no Brasil. Quero que eles parem de me envergonhar quanto estremecem e saltitam e requebram e se regozijam, quando lá no fundo uma voz cantarola em inglês. Bem assim, no supetão! Poxa! Nem deixam o cara (ou candidata) iniciar a música pra valer! E nem vem com esse papo ‘de estratégia de jogo’, porque eu não sou tolo!
Nada contra ao idioma inglês, muito menos aos brothers americanos. Mas, confesso! Já estou farto dessa tal globalização que vive ‘puxando a brasa para sua sardinha’, pois trocando em miúdos: vence o mais forte! Por isso, essa moçada toda influenciada pela cultura norte-americana, vestindo camisas, shorts estampados pela bandeira do imperialista Tio Sam. Estou frustrado com a imposição mercadológica do ensino do inglês nas nossas escolas. E agora, até os nossos artistas cheios do dinheiro galgado pelo nosso reconhecimento, mostrando-se ávidos por se tornarem uma estrela brilhando na constelação dos Estados Unidos da América. E nem tomam como exemplo o fiasco da carreira internacional da coleguinha Sandy que foi buscar dólares, mas encontrou desilusão. Amargando agora o quase ostracismo em terras tupiniquins.
Acho pouco e quero muito mais! Eles não contem como meu suado dinheirinho e ibope. Quebrei o disco e rasguei o encarte do Lulu (faria o mesmo com os dos outros três, mas felizmente não tenho os CDs deles em casa). Só sei “que ainda vai levar um tempo pra fechar o que feriu por dentro...”