É A CARA DA MÃE !

Fui levar um convite a uma amiga e me informaram que ela não morava mais naquele prédio. Pedi, então, para falar com outra amiga que eu soube ter se mudado recentemente para lá. O porteiro me olhou assustado. Ela morreu, minha senhora! Aí quem levou o maior susto fui eu. Morreu?... Mas quem morreu? Aquela que o senhor disse que não mora mais aqui, ou a que veio há pouco tempo?...

O homem ficou confuso. A que morreu não mora mais aqui, é lógico! Agora quem está no apartamento é a filha. É a cara da mãe!

Não refrescou em nada. Eu ali, atordoada, recebendo uma notícia daquela, sem saber quem tinha morrido...

Finalmente ele tentou esclarecer: A mulher morreu. Agora a filha está lá, é a cara da mãe, repetiu. Depois interfonou e mandou que eu entrasse.

Na dúvida entre subir ou ir embora, acabei entrando no elevador sem saber quem é que eu ia encontrar. Mas tinha que enfrentar a realidade. Lá em cima, fui recebida pela amiga que se mudou há pouco. Ela estranhou meu ar assustado. Contei-lhe a história.

Afinal, quem tinha morrido era a mãe dela, meses atrás. A outra amiga realmente foi embora. E por coincidência, as duas mudanças aconteceram no mesmo dia, uma chegando, outra saindo.

Quando passei novamente pela portaria, fiquei imaginando os arrepios que aquele pobre porteiro deve sentir todas as vezes que vê a filha da falecida, principalmente à noite...