A Lição dos Mochileiros
"Aprenda com os erros dos outros, você não viverá tempo suficiente pra cometer todos eles!" ( Eleanor Roosevelt )
Há alguns meses, viajei pra conhecer algumas cidades europeias. Nos trens, entre uma cidade e outra, observei um grande número de jovens que viajavam carregando enormes mochilas. Um dia, aproveitando uma conversa casual com o rapaz que sentara ao meu lado, fiquei sabendo que ele tinha vinte e dois anos, e estava percorrendo toda a Europa de trem. Ao postar o poema "Sem Ter Contas a Prestar", onde falo de como me senti ao refletir sobre isso, recebi o comentário de uma amiga
muito querida, que me perguntava:
"Como saber se o melhor é ir, ou ficar?"
Essa é a minha tentativa de responder o seu questionamento.
Aprendi com o jovem do trem uma grande lição. Eu percebi o quanto perdi dos anos de juventude. Eu nunca ousei fazer nada fora dos "padrões" considerados aceitáveis. Sempre fui boazinha demais, certinha demais, passiva demais... e deixei de viver a vida. E, me vejo agora pensando em tudo o que deixei de fazer, em tudo o que sequer me atrevi a sonhar! Penso no quanto a minha vida poderia ter sido tão mais emocionante, se eu tivesse tido a coragem que esses jovens mochileiros têm. Invejo a autonomia com que escrevem seu próprio roteiro de ação, a experiência que terão quando chegarem à minha idade.
Aos sessenta e dois anos, me dou conta de que sentei no banco do carona durante toda a minha vida. Deixei que outros assumissem a direção em meu lugar.
Respondendo à minha amiga e poeta, eu diria que é um pouco dos dois; não ir demais, nem ficar de menos. Alternar a vida entre idas e vindas. Há uma hora para ir, outra pra ficar. O "pulo do gato" é saber distinguir a hora certa de viver cada uma delas!
Pra mim, já é tarde. Mas, talvez ainda dê tempo de alguém aprender com o meu erro. Isso sim, faria a minha vida ter valido a pena!