HIPÉRBOLE OU REALIDADE MESMO?
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Hipérbole é uma espécie de metáfora, conhecida também como auxese. Por meio da hipérbole, figura de linguagem, e de estilo também, engrandecemos ou diminuímos a verdade, a realidade das coisas. Mais ou menos como maximizar e minimizar, em linguagem de computador. Ora exagerando: estou morto! Ou, com Augusto dos Anjos, quando "chorei biliões de vezes com a canseira". Uma vez uma criança pediu um copo d’água. Mas exigiu-o cheio até no céu querendo significar cheio até na tampa. Ou diminuindo demasiado: esta crônica não vale um tostão furado. Mas também não é bem assim! Hiperbólica costuma ser a linguagem dos namorados, nos seus idílicos devaneios de amor poético, sonhador. Como também a dos políticos, como forma de não dizer aquilo que eles deveriam dizer.
Em 1974, Roberto Carlos e Erasmo Carlos lançaram a música Eu Quero Apenas. Quer apenas o quê? Nada menos que um milhão de amigos. Na época, achei um exagero, admitindo apenas a liberdade poética. E não é que, hoje em dia, é possível, sim, ter um milhão de amigos! Hoje, certamente, Roberto Carlos tem bem mais amigos do que ele pretendia ter. E isso graças às redes sociais. E não apenas uma celebridade como Roberto Carlos. Pessoas comuns passaram a poder ter um milhão de amigos. Enfim, uma hipérbole no século passado pode ser hoje realidade igual ou superior ao considerado exagero naquele tempo.
Com efeito, naquele tempo nem se pensava ainda em rede social, na acepção de um tipo de relacionamento que permitisse aos usuários criar perfis e os utilizar para se conectar com outros usuários, compartilhar informações e se agrupar por meio de Facebook, Linkedin, Myspace, Orkut, Twitter, ou de compartilhamento de fotos, como Instagram.
Nem se diga que o virtual não é real. Um problema pode ser subjetivo e, ao mesmo tempo, real. Mais ou menos como o poeta, fingidor, que “finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente”.