TOLA

Eu estava certa de que não te amava mais. E sai por ai contando a todo mundo minha novidade. Espalhei para quem quisesse ouvir que eu estava curada. Curada de você e desse teu sorriso. Curada dessa paixão e desse amor degenerativo.

Eu estava feliz com esse vazio em meu peito. Saí por ai estampando no rosto minha felicidade sem motivo. Meu sorriso estava tão bonito que até eu me apaixonara por mim mesma.

Aqueles dias estiveram mais lindos que nunca. O sol brilhava anunciando que o verão estava próximo e com ele dias felizes. Mas foi só um telefonema, com tua voz de malícia e já bastou para que você me contaminasse outra vez. Falei com você por meia hora e lá estava eu. Derretida. Suando frio. Passando mal com todos os sintomas do amor.

Aquela noite tive febre e chorei sem parar. Amanheceu chovendo. Um dia triste e cinzento. Até o sol ficou triste por alguns dias. Certo que estava comovido com o que me aconteceu.

Eu não estava triste por te amar, estava com raiva por ter sido tão tola a ponto de achar que esse sentimento poderia morrer dentro de mim.

(Talita Horn)

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