Deus é MESMO brasileiro?


Acordei com vontade de escrever daquele jeito de novo: sem eira nem beira, disparado morro abaixo feito caminhão em ladeira. Lembro que deixei um peixe fritando na frigideira, mas que não queimou por que o fogo esqueci de acender ou foi o fósforo que acabou. Vou comer peixe cru tal qual japonês, pois assim viverei 101 anos, idade na qual atingirei a glória literária.

Já me vejo caquético e esclerosado, banguela, ou talvez com implante dentário “bioplasmático” ou o que a medicina inventar nesse meio tempo, dando entrevista ao jornal das 7 hs – velho acorda cedo.

Será que teremos tele-jornal daqui há 60 anos? Estaremos vivos em 60 anos ou a calota polar (por que calota? Não podia ser manta polar, que além de lembrar do frio é algo mais fácil de aos poucos desfiar – vá entender!), terá derretido transformando Copacabana de princesinha em afogadinha do mar?

Quanto valerá uma cobertura litorânea submersa? Já é hora de começar a liquidação de casas à beira-mar e eu estou na fila para comprar. Quero um baita “ap” de 400 metros quadrados na Vieira Souto de frente para a barbatana de um tubarão. Pago dois reais e nada mais. Alguém se habilita? Por favor, escreva logo para o meu email e deixe o seu recado. Será que dá para parcelar em duas?

Enquanto a calota (?) não derrete, esquenta o clima entre Lula e Evo. O índio quer quase de graça as refinarias da Petrobrás. Tudo bem que se encha de gás, de florestas e que fique com todas as terras da divisa, que reclame do preço pelo qual compramos o Acre – foi por um cavalo baio ou quarto-de-milha? Acho que ele quer tirar a diferença agora. Não vou reclamar da estratégia de jogarem as eliminatórias na altitude que sufoca nossos artilheiros transformando-os em jogadores de segunda linha. Afinal, desde que os canhões espanhóis e as gripes dizimaram sua cultura exuberante que procuram um motivo para viver. Que seja a glória uma vaga para a Copa, pois a nossa em 2014 está quase no papo.

Sei que é chato ler sobre política e futebol, principalmente para o público feminino que tanto aprecia o que escrevemos, e que de antemão agradecemos, mas como não falar de Maradona que acha que é Deus? Só faltava essa: Deus é argentino. Desde criancinha me diziam que era brasileiro – e eu acreditei, da mesma forma como acreditei em Papai Noel, no discurso do Collor (inclusive chorei grossas lágrimas de um crocodilo amigo meu em seu discurso de posse no Senado e me arrependi de retirá-lo à força do trono tupiniquim) e que Lula ia ajudar os pobres – mas ele está ajudando: está diminuindo o tamanho da classe média atolando-a na classe baixa. Quanto mais gente para votar nele melhor – olha eu escrevendo de política de novo.

Voltando ao Maradona, fico triste com o Romário, que até a data desta crônica ainda não saiu do 999, incluindo os jogos da infância, as peladas no morro, e aquele jogo entre casados e solteiros no qual ele fez 15 gols – desse jeito até eu. Se Maradona acha que é Deus, tiro o boné e mostro minha careca para o baixinho do Vasco: ele tem certeza de sua divindade, viu Maradona? Ego contra ego, fico com o nosso – sou patriota!