SÍTIO SÃO ROQUE

A cafeicultura do Brasil estava em franca decadência por causa dos altíssimos estoques mundiais e, o que era pior, não havia perspectiva de aumento substancial do consumo, nem interno nem mundo a fora vez que a economia de todos os países estava na maior pindaíba.

Os barões do café, que já haviam perdido prestígio com o fim da monarquia brasileira e fortuna com a abolição da escravatura (um bom escravo custava muitos contos de réis), para poder honrar suas dívidas, tiveram que vender as terras que haviam comprado ou herdado. É bom que se faça a ressalva de que não foi a Lei Áurea a responsável pela derrocada do poder financeiro dos fazendeiros porque, com as Leis do Ventre Livre e do Sexagenário, era cada vez menor o número de escravos ativos e esses estavam sujeitos às doenças e muitos morriam cedo, mesmo porque, naquela época, a expectativa de vida da população girava em torno dos quarenta anos.

Guerras, doenças e safras frustradas fizeram com que os países europeus incentivassem a emigração, para as Américas, da sua população mais carente, principalmente camponeses, e o Brasil (destino natural dos desvalidos de todo mundo) se aproveitou desse fenômeno social, para substituir a mão de obra escrava, agora extinta, pela força produtiva do colono.

Boa parte desses colonos era italiana e eles se instalaram nas fazendas ao longo da estrada de ferro Santos-Jundiaí e, quando essas fazendas foram loteadas, essas famílias que de certa forma já estavam capitalizadas, juntaram-se e compraram grandes glebas dando origem aos sítios que, aos poucos, abandonaram a cafeicultura, na época o carro chefe das exportações brasileiras, e implantaram a fruticultura.

No dia 12 de outubro passado, dia da padroeira, feriado nacional, fomos (de trem) conhecer o Sítio São Roque que fica na Toca, local afastado do centro de Jundiaí.

Walter, nosso recepcionista, é bisneto do fundador do sítio que se dedica, desde 1890, ao cultivo de uva de mesa (Niágara rosada), pêssego, nectarina (que é uma subespécie de pêssego), limão, etc. em terreno acidentado, próprio para cultivares que não admitem terreno encharcado e do ponto mais alto, podemos visualizar a Serra do Japi.

A propriedade é cortada por uma estradinha, asfaltada, e possui uma capela, construída pelo avô de Walter, dedicada a São Roque, cuja festa se realiza no mês de agosto.

É um acontecimento onde se relembra toda a tradição das grandes festas italianas, com leilões, música, canto, dança, e muita comida preparadas pelas Mamas e Nonas, regada ao bom vinho produzido na região, desde sempre, pelas famílias como os Brunholi e Cerezer...

No próximo mês de agosto a festa vai se repetir e se você tem alguma dúvida de que eu irei participar, podemos fechar uma aposta agora mesmo.