Antes de iniciar essa crônica, ou seja lá como possa ser classificada, tenho que pedir humildemente aos puros e aos melindrosos que encerrem por aqui essa leitura.
Senti necessidade de repartir com meus leitores algo que me aconteceu e que me fez repensar anos e anos de etiqueta e que me fez rir. Quem sabe você também possa descontrair um pouco. Terá valido à pena.
Como sempre falo sou uma apaixonada pelas praias de João Pessoa. Sempre me aparece um novo ponto, um novo recanto a ser explorado. E lá vou eu nessa "penosa" missão de me aventurar e descobrir novos paraisos.
Existe aqui uma praia tão bela que até chateia. O nome dela é Jacarapé. Além do mar manso, verde, recebe um maceió de àguas mornas cercado de um manguezal que expõe atrevidamente suas raízes se misturando, se colorindo do verde-lodo de suas folhagens. Um mergulho é paixão na certa. Quase na àgua lá está a palhoça de Sr. Biu. Ele foi pescador, mas os anos foram chegando e ele restou enraizado como mangue. Sua cozinha tem panelas de barro, uma trempe com um pote de àgua e fogo à lenha. Apesar da precariedade das instalações, o cheiro compensa. No cardápio, siris moles e caranguejos para quebrar e comer esquecendo as regras de etiqueta. Uma lambida nos dedos complementará o sabor.
Nesse clima quase sem classe, nem categoria, mas poéticamente correto aconteceu o motivo dessa crônica.
Com a degustação e depois de algumas cervas geladinhas, vi-me a precisar de um banheiro. Só aí lembrei que nunca tinha visto algo que eu pudesse chamar de banheiro nas redondezas. Mesmo assim, chamei Sr. Biu e disse: "Preciso usar o toalete". Sr. Biu me olhou como se eu estivesse falando grego, mas entendeu e perguntou na maior simplicidade: "A senhora quer cagar ou mijar?". O susto foi grande, mas vi que ele esperava uma resposta, daí perguntei."Para o senhor, existe diferença"? "Claro, respondeu ele. Mijar é aqui nas palhas de coco, cagar é atrás daquela touceira".
Minha educação tremeu. Mas, vamos lá, optei pelas palhas de coco. Sinceramente, foi ótimo.