FINADOS ÀS AVESSAS
Por Carlos Sena
Lá fora é finados. Quero dizer, dia daqueles que morreram e podem ou não nos fazer muita falta. Partindo do principio de que quando a gente chora por quem morreu é por nós que choramos, então podemos compreender que choramos por aqueles que mais nos fizeram falta com sua morte. Quando essa falta é na lógica do afeto, talvez a gente nunca esqueça mesmo, mas, quando é por conta de bens materiais... Neste caso, a falta deixa de existir tão logo as pessoas que ficaram substituam os valores tais como dinheiro, casa, conforto... Isso tem sido comum com muitos pais que, achando que dar conforto aos filhos e muito dinheiro no bolso é ser bons pais. Quando morrem, os filhos sofrem. Mas, logo deixam de sofrer porque eles arrumam alternativas de suprirem essa falta.
Fato é que este é um dia de reflexão, considerando que todos um dia chegaremos ao final. Refletir acerca do nosso papel aqui na terra e do que podemos fazer de bom pelo outro nessa caminhada tão passageira é fundamental. Porque ir ao cemitério é apenas uma rotina que a igreja católica descobriu para também ganhar dinheiro. Com isso, o comércio de flores e tantos outros segmentos. Mas, nada contra quem vai aos cemitérios. Nem a favor, apenas respeitando o direito de cada um ser o que queira ser e aja como deseja agir de acordo com o que acredita.
Prefiro hoje não me lembrar: de amigos que matei em vida. De companhias que matei em vida. De almas sebosas que matei em vida. Esses são os meus finados que hoje comemoro na minha casa com bastante cerveja e vinho. Certamente que os chamo de amigos entre aspas, porque o foram até o momento em que eu decidi optar por não serem mais. Amigos de conveniência, amigos de ocasião, amigos de oportunidades, amigos... Matei todos. Dei-me a esse direito e continuo matando até hoje se preciso for. Na verdade nem foram tantos assim, mas é que a gente fica com essa sensação. Hoje eu faço muito isso no Facebook. Pense numa coisa que a gente tem que sempre fazer: mata-los todos, posto que sejam, em sua grande maioria, fantasmas – entram em nossa página, pedem pra serem aceitos e a gente aceita e pimba: daqui a pouco começam a nos instigar, a nos mal entender, a nos vilipendiar. Então deleto: simples assim. Pode ser que façam comigo, mas agora estou falando deles. Assim, hoje eu tenho mais motivos para comemorar o “dia de finados” dos que “matei em vida” do que os meus entes queridos que se foram para o outro lado da eternidade. Esses estão lá, quietinhos e zelando por mim, pois já me deram provas disso.
Por Carlos Sena
Lá fora é finados. Quero dizer, dia daqueles que morreram e podem ou não nos fazer muita falta. Partindo do principio de que quando a gente chora por quem morreu é por nós que choramos, então podemos compreender que choramos por aqueles que mais nos fizeram falta com sua morte. Quando essa falta é na lógica do afeto, talvez a gente nunca esqueça mesmo, mas, quando é por conta de bens materiais... Neste caso, a falta deixa de existir tão logo as pessoas que ficaram substituam os valores tais como dinheiro, casa, conforto... Isso tem sido comum com muitos pais que, achando que dar conforto aos filhos e muito dinheiro no bolso é ser bons pais. Quando morrem, os filhos sofrem. Mas, logo deixam de sofrer porque eles arrumam alternativas de suprirem essa falta.
Fato é que este é um dia de reflexão, considerando que todos um dia chegaremos ao final. Refletir acerca do nosso papel aqui na terra e do que podemos fazer de bom pelo outro nessa caminhada tão passageira é fundamental. Porque ir ao cemitério é apenas uma rotina que a igreja católica descobriu para também ganhar dinheiro. Com isso, o comércio de flores e tantos outros segmentos. Mas, nada contra quem vai aos cemitérios. Nem a favor, apenas respeitando o direito de cada um ser o que queira ser e aja como deseja agir de acordo com o que acredita.
Prefiro hoje não me lembrar: de amigos que matei em vida. De companhias que matei em vida. De almas sebosas que matei em vida. Esses são os meus finados que hoje comemoro na minha casa com bastante cerveja e vinho. Certamente que os chamo de amigos entre aspas, porque o foram até o momento em que eu decidi optar por não serem mais. Amigos de conveniência, amigos de ocasião, amigos de oportunidades, amigos... Matei todos. Dei-me a esse direito e continuo matando até hoje se preciso for. Na verdade nem foram tantos assim, mas é que a gente fica com essa sensação. Hoje eu faço muito isso no Facebook. Pense numa coisa que a gente tem que sempre fazer: mata-los todos, posto que sejam, em sua grande maioria, fantasmas – entram em nossa página, pedem pra serem aceitos e a gente aceita e pimba: daqui a pouco começam a nos instigar, a nos mal entender, a nos vilipendiar. Então deleto: simples assim. Pode ser que façam comigo, mas agora estou falando deles. Assim, hoje eu tenho mais motivos para comemorar o “dia de finados” dos que “matei em vida” do que os meus entes queridos que se foram para o outro lado da eternidade. Esses estão lá, quietinhos e zelando por mim, pois já me deram provas disso.