Dois Ex-presidentes
Muito corajoso o ex-presidente Lula. “Durante sessão comemorativa dos 25 anos da Constituição de 1988 no plenário do Senado Federal”, como vemos no G1 na internet, ele comparou o também ex-presidente José Sarney ao falecido deputado Ulisses Guimarães. Notório parlamentar de comportamento político tido como irrepreensível.
“Quero lhe dizer [Sarney], claramente, que o senhor merece minha homenagem pelo seu comportamento digno, como presidente da República, de permitir que nós disséssemos aqui dentro todos os desaforos que pensávamos que tínhamos direito de lhe dizer...”
É interessante que Lula venha reconhecer agora, com o PT no poder, assim como o próprio Sarney, que este não merecia todas as afrontas que lhe foram feitas quando ocupava a presidência da República e tinha como adversário o PT na oposição.
Parece-nos lícito imaginar que isso tem a cara de um oportunismo de fazer inveja aos partidos de direita à época da ditadura, antes e depois do bipartidarismo.
Sabemos que o site G1 pertence ao Globo. Esse jornal, que aprendemos a considerar tendencioso e mais próximo dos empresários e da elite, chamou atenção para a situação de Lula e Sarney, antes adversários, serem agora aliados. O que não se pode deixar de considerar estranho. Com toda a fama desse importante veículo da mídia, será que se pode dizer algo em contrario?
Por outro lado, em conversa com um jovem e promissor empresário, que consideramos honesto e trabalhador, porque o conhecemos pessoalmente, ele nos falava das sensíveis melhoras do país nos últimos anos, com maiores índices de confiabilidade econômico-financeira e projeção no cenário mundial. De forma um pouco diferente, o mesmo já tivemos chance de escutar de pessoas encontradas nas camadas de baixa renda, também do nosso conhecimento. Para quem o pobre hoje pode adquirir produtos que antes estavam somente ao alcance da classe média ou daí para cima.
Contudo, apesar de reconhecermos essa realidade, não julgamos que ela torne desnecessária a necessidade de depuração moral do político (profissional) brasileiro. Cujo interesse pelo poder é prioritário em relação aos interesses nacionais. O que fica claro com a escalada dos casos de corrupção verificados exatamente nos governos do PT. Apesar dos índices de desenvolvimento que tenhamos alcançado com os mesmos governos.
É preciso que se diga também que a corrupção não é uma prerrogativa do PT. Trata-se de coisa antiga. Devendo ter 500 anos de idade. Só que estava tradicionalmente ligada à direita. Não sendo possível que esperássemos que ela pudesse se reproduzir da mesma forma, ou pior, durante a gestão na presidência de um partido tido como de esquerda.
Cabe lembrar ainda que se hoje os casos de corrupção são levados ao conhecimento da população e apurados, não devemos com isso nos dar por satisfeitos. Porque melhor seria se muito pouco – na improvável hipótese de nada – tivesse que ser esclarecido.
Rio, 30/10/2013
Aluizio Rezende