FINADOS
Prof. Antônio de Oliveira
antonioliveira2011@live.com
Dia de Finados é um dia de reflexão, de silêncio. Ou um dia de oração. Dia em que israelitas e cristãos deveriam convidar todo o mundo a salmodiar os mesmos versículos. E o que são os salmos ou saltério? São uma coleção de poemas do Antigo Testamento, primitivamente escritos em hebraico por autores diversos, mas atribuídos, na maioria, ao rei Davi. Eram cantados nos ofícios divinos do templo de Jerusalém. Posteriormente foram incorporados pelas igrejas cristãs como parte de sua liturgia, de modo especial nos mosteiros. Alexandre Herculano faz menção "ao reboar o templo com as harmonias dos cânticos e salmos, com as vibrações dos sons do órgão".
Pode-se dizer que cada um dos 150 salmos que compõem o Livro dos Salmos se constitui num vibrante poema lírico, poético, por vezes patético; simbólico, pastoril, bucólico, no ritmo existencial. Como o Salmo 103, que dá o tom da vida que culmina com a morte: “A vida do homem é como a relva. Como a flor do campo. Apenas roça-lhe o vento, e já não existe”. De tudo, a morte é a única coisa absolutamente inegociável, uma perda irreparável, com se diz nos velórios de gente famosa.
Para o salmista, a vida consiste na operação aritmética elementar de “contar os dias”. De certa forma, já fazemos isso comemorando os aniversários e as estações do ano. Aprender, então, a contar os dias para praticar boas obras. Enquanto temos dias debaixo do Sol. Os dias amadurecem e caem. Bem-aventurado quem sabe ler as horas, alfabetizando-se permanentemente, de alfa a ômega, no dicionário da sabedoria. Bem-aventurado quem sabe perceber a notoriedade da rotina da vida. E o que é a vida? A essa pergunta o cacique Blackfoot responde: “É a luz de um vaga-lume na noite. É o sopro de um búfalo no inverno. É a pequena sombra que caminha pela grama e se vai com o pôr do Sol”. Feliz de quem, somando cor + ação = coração, agrega, na contabilidade dos seus dias de vida, as razões do coração e as do viver.