NINGUÉM MERECE
No trânsito, é impossível saber quem é mais bronco: motoristas ou pedestres. Não ignoro que almas justiceiras, amigas dos pobres e indefesos, ante uma dúvida dessas, ficam assanhadas. “Absurdo! Ninguém respeita os pedestres!” Que se assanhem à vontade. Estou convencido de que uns e outros – motoristas e pedestres – são igualmente indecentes, para usar um termo leve como uma salada de alface. Outros e uns se merecem. Sei que há exceções, claro. Mas os politicamente corretos que façam sua defesa.
Hoje, estacionei o carro junto ao meio-fio numa praça bastante movimentada. Fiquei cerca de cinco minutos ali. Foi tempo mais que suficiente pra me convencer de que estamos na idade da pedra lascada. O sinal verde para veículos não intimidou os valentes, que atravessavam sem qualquer cerimônia a rua movimentada. Sobre a faixa de pedestres, com o sinal vermelho para eles. Entre os incautos, velhos que mal podiam dar o passo, gente de meia idade, crianças puxadas pela mãe, jovens e até babá (deduzi pela roupa branca) empurrando cadeira de rodas com um acidentado a bordo.
Dez minutos depois, a caminho de casa, me deparo com legião de estudantes, molecada de 13/14 anos, atravessando, em bando, fora da faixa e com o sinal aberto para os veículos uma avenida muito mais movimentada que a praça em que há pouco me encontrava. Com um agravante: ali, carros, motos, caminhões e ônibus trafegam nos dois sentidos.
Para educar essa gente medonha (motoristas, motoqueiros, ciclistas e pedestres), quantos séculos serão necessários?